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12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

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páginas aos Aspectos Gerais <strong>da</strong> Colonização. Principais Colônias<br />

Agro­pastoris. O Extrativismo nas Colônias, no qual este último<br />

aspecto, se impôs pela sua onipresença aos de fora. Afinal, por onde<br />

Guerra andou se fazia o extrativismo, até mesmo nas colônias onde<br />

ele deveria ter sido suprimido.<br />

A vontade prévia de ver a agricultura era tanta que, mesmo já<br />

tendo dedicado um capítulo às colônias, e que ocupara um grande<br />

espaço o autor, ain<strong>da</strong>, no capítulo 'Aspectos Gerais <strong>da</strong> Economia e<br />

Meios de Vi<strong>da</strong>', onde o que existe deveria se sobrepor ao desejo, o<br />

espaço está dividido entre o extrativismo (33 páginas) e à agricultura<br />

e à pecuária (32 páginas).<br />

E, mais, Teixeira Guerra em várias passagens deixa escapar sua<br />

dificul<strong>da</strong>de de reconhecer explicitamente esses que chamamos<br />

seringueiros autônomos ou seringueiros libertos. Esse fato se<br />

evidencia quando observamos que o autor não se sente bem em<br />

admitir como colônias determina<strong>da</strong>s aglomerações cria<strong>da</strong>s pelas<br />

Assim, o conhecimento já alcançou o senso comum científico no qual as chuvas abun<strong>da</strong>ntes e<br />

torrenciais tendem a erodir os solos, além de acentuar o processo de laterização­lixiviação. Isso<br />

tem levado a que se faça um juízo negativo a respeito do potencial dos seus solos que, mais uma<br />

vez, revela muito mais respeito dos que fazem esses (pré) juízos do que sobre os próprios solos.<br />

Já se tornou lugar comum dizer que os solos <strong>da</strong> Amazônia são pobres e que é uma ilusão achar<br />

que o fato de sobre eles crescer a mais rica biomassa por uni<strong>da</strong>de de área do planeta não significa<br />

que esses solos sejam ricos. Costuma­se afirmar que a floresta vive de si mesma, pois ela se<br />

desenvolve a partir <strong>da</strong> rica matéria orgânica que ela fornece ao solo. Diz­se que se for retira<strong>da</strong><br />

essa floresta, cessa a fonte de matéria orgânica, e, a partir <strong>da</strong>í, conclui­se que por isso os solos<br />

em si mesmos são pobres. Há, aqui, uma artimanha no argumento que precisa ser devi<strong>da</strong>mente a<br />

analisado. A primeira deriva do próprio método cartesiano de análise, que dissocia o solo <strong>da</strong><br />

floresta. É como se amputassem os braços de uma pessoa e, depois, a condenasse por ser aleija<strong>da</strong>.<br />

Ao separar a floresta do solo, o que se está a revelar é o esquartejamento <strong>da</strong> natureza, bem<br />

característico de um socie<strong>da</strong>de cuja divisão do trabalho para a produção de mercadorias expressa<br />

a prática de que uns só se interessem pelos solos, outros só por determina<strong>da</strong> espécie de madeira<br />

<strong>da</strong> floresta, outros pelo subsolo. Este tipo de análise revela mais sobre a cultura e a socie<strong>da</strong>de dos<br />

que querem colonizar ou dominar a região do que sobre a complexi<strong>da</strong>de dos solos ou dos<br />

ecossistemas regionais. Na ver<strong>da</strong>de, já se faz um desmatamento a partir <strong>da</strong> própria metodologia.<br />

Não parte <strong>da</strong> própria reali<strong>da</strong>de do ecossistema que, por si mesmo, fabricou, com aqueles<br />

nutrientes, aquela biomassa. A constatação mais óbvia e primeira que se deve retirar <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />

amazônica é que seus solos não são ricos ou pobres; eles compatíveis com a floresta. Mas não<br />

é <strong>da</strong> tradição <strong>da</strong> cultura européia dominante entre as elites brasileiras e mesmo entre setores <strong>da</strong>s<br />

elites amazônicas, a convivência coma a floresta, mas sim, a sua derruba<strong>da</strong>. É isso que chamam<br />

de cultura, isto é, a submissão <strong>da</strong> natureza aos desígnios do homem. E, pior, achar que a única<br />

maneira de faze­lo é <strong>da</strong> forma que o fazem. É claro que dizer que os solos <strong>da</strong> Amazônia são<br />

compatíveis com a floresta implica olhar com mais atenção e com menos preconceito a cultura<br />

<strong>da</strong>s populações que aprenderam a conviver com essa floresta. E, assim, a floresta amazônica não<br />

seria um vazio demográfico.

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