12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta
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Todo o debate acerca <strong>da</strong>s transformações recentes na<br />
socie<strong>da</strong>de/geografia do Acre, tanto nos meios políticos como<br />
acadêmicos, tem ressaltado que os seringais mu<strong>da</strong>ram de donos ao<br />
longo dos anos 1970, introduzindo, assim, um forte componente<br />
regionalista com destaque para o 'paulista', termo que enquadra o<br />
fazendeiro/pecuarista que chega a partir dos anos setenta vindo dos<br />
mais diferentes lugares e não só de São Paulo.<br />
Figura 44. Condição social dos responsáveis pelos estabelecimentos,<br />
por município /Acre –1940<br />
Referenciar a figura no texto.<br />
Há uma questão teóricoconceitual que se impõe<br />
preliminarmente. Indicaremos o seu caráter geral, necessário para que<br />
se compreen<strong>da</strong> o que segue, para uma retoma<strong>da</strong> com mais detalhe<br />
adiante. Tratase dos efeitos de uma gama de conceitos e<br />
preconceitos historicamente construí<strong>da</strong> acerca do ‘ mundo dos<br />
seringais’ a partir de categorias extraí<strong>da</strong>s de outros contextos.<br />
Refirome aqui, em particular, à ‘prática teórica’ de analisar o que se<br />
passa no meio rural sempre a partir <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de fundiária ou, para<br />
ser mais preciso, <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra. Assinalemos, por ora, que<br />
no Acre, até os anos 1960, o objeto ou meio de trabalho não era a<br />
terra e sim a floresta, mais especificamente, a extração <strong>da</strong> seringueira,<br />
a coleta <strong>da</strong> castanha, a extração de peles de animais etc. Deste modo,<br />
o seringalista não era propriamente proprietário <strong>da</strong> terra. Ademais,<br />
retomemos, havia uma tensão inscrita no interior do seringal entre<br />
patrão e seringueiro em que um, o patrão, busca afirmar seu poder<br />
através <strong>da</strong> cobrança de ren<strong>da</strong> e o outro, o seringueiro, busca sua<br />
maior autonomia, com a diversificação de suas ativi<strong>da</strong>des produtivas.<br />
Relembremos aqui, com Mauro Almei<strong>da</strong>, que o número de dias<br />
trabalhados pelos seringueiros passou de uma média de 180 dias<br />
durante o período áureo do seringal empresa para uma média de 60<br />
dias a partir <strong>da</strong> sua crise e a busca de autonomização dos<br />
seringueirosagricultorescaçadorescoletores. Essa tensão de<br />
territoriali<strong>da</strong>des atravessa to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de/geografia acreana.<br />
Vamos, agora, aos <strong>da</strong>dos.<br />
Figura 45. Número de estabelecimentos, segundo a condição social<br />
dos responsáveis – Acre 1940 –1970.