12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

aqueles com quem constroem suas colocações, suas pélas, seus
filhos, suas famílias, seus defumadores, suas casas de farinha, seus
roçados, suas estradas, suas linhas, igrejas, seus caminhos,
varadouros e varações, suas delegacias sindicais, suas associações,
cooperativas, escolas, amores e humores, saberes, sabores e empates.
Figura 53 – Área ocupada(ha) pelos estabelecimentos, segundo o
grupo de área – Acre – 1970.
Figura 54 – Área ocupada segundo a condição social dos
responsáveis pelos estabelecimentos – Acre –1970.
Esse silêncio dos vencidos (Vesentini e de Decca, 1983) esse
processo de invisibilização, posto que eles estão lá, é que consegue
produzir uma espécie de idade média acreana não captando toda a
riqueza em que se assenta esta sociedade/geografia durante o período
que se segue à crise do seringal Empresa. É desse mesmo discurso
que esquecem os seringueiros autônomos apesar de todas as
evidências que o próprio censo, ao registrá­los como ocupantes, o faz
negando­lhes qualidades 17 .
O que surpreende é o silêncio sobre um fenômeno de tal
envergadura que, de fato, revolucionava a sociedade acreana. Não
estaria aqui uma das razões da verdadeira surpresa com que se verá a
emergência do vigoroso movimento social desses Ocupantes, isto é,
dos Seringueiros Autônomos, a partir dos anos setenta? Não estaria,
também, aqui a razão de se superestimar o papel do elemento
subjetivo, do 'organizador político', seja sob a forma de Comunidades
Eclesiais de Base, dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais ou dos
Partidos políticos? Voltaremos a essas decisivas questões a seguir.
Figura 55 – Ocupantes – número de estabelecimentos, segundo o
grupo de área. Acre – 1970.
13 ­ Uma Nova Geografia, Novas Territorialidades
13.1 ­ O Contexto SocioEspacial Brasileiro
17 Afinal como ocupantes eles ocupam e, como tal, eles estão,e aqui, sem dúvida, estar não é o
mesmo ser.