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12 DOS SERINGUEIROS AUTÔNOMOS - Biblioteca da Floresta

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Ora, para os 'de fora' e 'de cima', conhecidos como 'paulistas'<br />

no Acre, o seringal é um nonsense. A floresta, por exemplo, não fazia<br />

o menor sentido para eles 32 !<br />

Ora, aquele que ora se dirigia ao Acre o faz não porque tenha<br />

ou tivera laços com a aquele espaço. Tradicionalmente, sabemos, as<br />

ligações do Acre são com os sertões nordestinos e, por suas ligações<br />

geográficas (e culturais) de poder com Fortaleza, Natal, Belém,<br />

Manaus, Rio de Janeiro e, depois, Brasília. Não encontramos um<br />

fazendeiro sequer dos que vieram a partir dos anos setenta que<br />

tivessem laços anteriores com o Acre.<br />

Ironia. O que os movia era um sentimento muito próximo<br />

<strong>da</strong>quele que criara o seringal­empresa, isto é, a busca do ouro. O<br />

ouro, agora, não tem mais a forma de ouro negro, como se designava<br />

a borracha; ele tem ou a sua forma mais pura, abstrata e direta ­ o<br />

dinheiro­, ou passa pela mediação do pasto para o boi, para depois se<br />

transformar em dinheiro. Tudo passando pela terra, ou melhor, pelo<br />

título de proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra que, tal como um título de nobreza, abre<br />

as portas dos salões, no caso, os cofres do Estado com seus gordos<br />

subsídios.<br />

Vale uma explicação. Num primeiro momento, aqueles que se<br />

interessaram por investir no Acre o fizeram não pelo Acre enquanto<br />

materiali<strong>da</strong>de de recursos, naturais ou não, inscritos naquele espaço.<br />

Na ver<strong>da</strong>de, o fizeram em virtude de uma <strong>da</strong>s decorrências <strong>da</strong><br />

modernização conservadora do agro brasileiro (Palmeira, 1998), que<br />

havia ensejado uma politização <strong>da</strong> terra posto que, pelos mecanismos<br />

de incentivos fiscais, novos interesses foram atraídos para o campo,<br />

ensejando o fenômeno de territorialização <strong>da</strong> burguesia (Leite,<br />

1998) 33 .<br />

32 Não se condene o senso prático <strong>da</strong>queles que vêm /vão para o Acre e que não iam para lá fazer<br />

pesquisa ou estu<strong>da</strong>r. Afinal, mesmo um geógrafo com Teixeira Guerra conseguiu fazer um estudo<br />

sobre a geografia acreana sem ter um capítulo sequer sobre a floresta. Informo que florestis do<br />

latim significa o (bosque) externo e, com tal, não é só o sentido de floresta que deve ser<br />

considerado, mas o de ser externo, ou seja, o que não faz parte do nosso território onde tem<br />

vali<strong>da</strong>de nossas regras, normas e leis. É o que não tem sentido.<br />

33 Na ver<strong>da</strong>de seria melhor denominar latifundiarização <strong>da</strong> burguesia.

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