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Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...

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tanto dos homens como <strong>da</strong>s mulheres. Freud aprofun<strong>da</strong> portanto, a fun<strong>da</strong>mentação <strong>da</strong> concepção<br />

de que as características que diferenciam os gêneros são constituí<strong>da</strong>s nos diferentes contextos<br />

sócio-históricos-culturais e não mero resultado de determinações biológicas (posição essencialista)”<br />

(Lago, 1996: 172)<br />

Na concepção de Stoller (1993), masculini<strong>da</strong>de e f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de são<br />

“qualquer quali<strong>da</strong>de que é senti<strong>da</strong>, por qu<strong>em</strong> a possui, como masculina ou f<strong>em</strong>inina.<br />

Em outras palavras, masculini<strong>da</strong>de ou f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de é uma convicção – mais precisamente, uma<br />

densa massa de convicções, uma soma algébrica de se, mas e e – não um fato incontroverso”<br />

(Stoller,1993: 28, grifado no original).<br />

Ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de possui sua própria “massa de convicções” e prescreve um repertório de atitu-<br />

des que considera apropria<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> sexo biológico. Atitudes que, ain<strong>da</strong> que “...filtra<strong>da</strong>s pelas persona-<br />

li<strong>da</strong>des idiossincráticas...” (Id<strong>em</strong>), são transmiti<strong>da</strong>s, mais ou menos fielmente, às crianças, pelos seus<br />

pais. Ain<strong>da</strong> de acordo com Stoller, “...tais convicções não são ver<strong>da</strong>des eternas: elas se modificam quando as<br />

socie<strong>da</strong>des se modificam. Um guerreiro indígena americano usava o seu cabelo comprido e sentia-se masculino; um<br />

prussiano afirmava a sua masculini<strong>da</strong>de usando o seu cabelo b<strong>em</strong> curto” (Id<strong>em</strong>), de modo que, não é o tama-<br />

nho do cabelo que importa, mas a convicção de que aquela é a forma masculina.<br />

Assim, as diferentes culturas constró<strong>em</strong> suas próprias idéias/convicções, seus modelos<br />

heg<strong>em</strong>ônicos, sobre os atributos do f<strong>em</strong>inino e do masculino, e as instituições sociais tais como a<br />

família, a escola, o estado, igreja, entre outras, garant<strong>em</strong> sua reprodução. É <strong>em</strong> função disso, que<br />

Bourdieu (1999: 101) defende que, para superarmos essa forma de articulação hierárquica entre os<br />

gêneros, n<strong>em</strong> a descrição “...<strong>da</strong>s transformações <strong>da</strong> condição <strong>da</strong>s mulheres no decurso dos t<strong>em</strong>pos, n<strong>em</strong> mesmo a<br />

relação entre os gêneros nas diferentes épocas...” é suficiente. Dev<strong>em</strong>os sim, voltar nossos olhos para as<br />

estruturas objetivas e subjetivas responsáveis pela re-criação constante e historiciza<strong>da</strong>, <strong>da</strong> domina-<br />

ção de um gênero pelo outro. De acordo com ele,<br />

3.3 Masculini<strong>da</strong>de<br />

“ao trazer à luz as invariantes trans-históricas <strong>da</strong> relação entre os ‘gêneros’, a história<br />

se obriga a tomar como objeto o trabalho histórico de des-historicização que as produziu e<br />

reproduziu continuamente, isto é, o trabalho constante de diferenciação a que homens e mulheres<br />

não cessam de estar submetidos e que os leva a distinguir-se masculinizando-se ou<br />

f<strong>em</strong>inilizando-se”. (Bourdieu, 1999: 102 - grifos no original)<br />

Connell (1997) entende a masculini<strong>da</strong>de não como um fator <strong>em</strong> separado <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, mas<br />

como um aspecto de uma estrutura maior e propõe, para entendermos como se organizam as mascu-<br />

lini<strong>da</strong>des, que volt<strong>em</strong>os nossos olhos para essa estrutura maior.<br />

De acordo com ele, n<strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as socie<strong>da</strong>des têm um conceito de masculini<strong>da</strong>de. Socie<strong>da</strong>des<br />

que não polarizam as diferenças entre homens e mulheres, não dev<strong>em</strong> ter conceitos de masculini<strong>da</strong>de<br />

n<strong>em</strong> de f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de (como por ex<strong>em</strong>plo, as socie<strong>da</strong>des Arapesh e Mundugumor estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s por Mead).<br />

Portanto, “la masculini<strong>da</strong>d existe sólo en contraste com la f<strong>em</strong>enei<strong>da</strong>d.” (Connell, 1997: 32 - grifo no original)<br />

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