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Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...

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tados, que não receberam incentivo à d<strong>em</strong>issão, esse impacto foi imediato. Outros foram atingidos<br />

entre um ou dois anos após a saí<strong>da</strong>.<br />

Mesmo tendo procurado investigar as relações de gênero atenta ao polo masculino, conforme<br />

proposta de Grossi e Miguel (1995), além de outros estudiosos do t<strong>em</strong>a, esta pesquisa obteve depo-<br />

imentos muito ricos de mulheres, pelas razões já discuti<strong>da</strong>s no capítulo referente à metodologia<br />

(págs. 21 a 23).<br />

Na tentativa de não se afastar<strong>em</strong> muito dos níveis de vi<strong>da</strong> que vinham mantendo até então, a<br />

alternativa viável para os aposentados, já que não tinham outra fonte de ren<strong>da</strong>, foi fazer uso do<br />

patrimônio conquistado nos anos anteriores.<br />

“Ele ganhava na época acho que dois mil e quinhentos, três mil reais, e passou para seiscentos,<br />

na aposentadoria. E o que segurou, nesses anos todos (...) foi a ven<strong>da</strong> dos imóveis no Rio (...) entrando<br />

para despesa, né? (...) Então nós fomos vivendo de reserva, comendo reserva. (...) E ele começou a<br />

sentir que não <strong>da</strong>va para viver <strong>da</strong>quilo. Só que não <strong>da</strong>va para voltar atrás também. E tudo isso, foi<br />

um caos.” (Entrevista - Esposa de aposentado)<br />

“Eu tinha aplicado numa casinha, uma <strong>casa</strong> de praia nos Ingleses... Só que... com o passar do<br />

t<strong>em</strong>po, (...) aquela per<strong>da</strong> de poder aquisitivo começou a se fazer sentir. E aí, o dinheiro não <strong>da</strong>va para<br />

na<strong>da</strong>. E aí, o que ... o que era c<strong>em</strong>... virou cinquenta. Então, eu já não conseguia mais... cumprir,<br />

honrar meus compromissos. Pagar as minhas despesas. E a <strong>casa</strong> de praia que eu comprei nos Ingleses,<br />

que eu não comprei à vista, eu comprei financia<strong>da</strong>... eu não suportava pagar a prestação. Das duas,<br />

uma: ou vendia a de Ingleses ou vendia a que eu morava. A que eu morava eu não ia vender. Então,<br />

resolvi colocar à ven<strong>da</strong>. Levei um ano e meio para vender. Porque ninguém tinha dinheiro. Quando eu<br />

consegui vender, o que peguei na <strong>casa</strong> foi para pagar dívi<strong>da</strong>. E aquele meu incentivo foi para o es-paço.<br />

O meu incentivo foi para o espaço. (enfático)” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

“Bom.. aí aconteceu... um ano depois de eu ter me aposentado... justamente o que eu não<br />

poderia prever (mu<strong>da</strong>nças no plano econômico), não esperava e que... desmantelou a minha<br />

vi<strong>da</strong>. Desmantelou a minha vi<strong>da</strong>. Porque a partir <strong>da</strong>í, eu iniciei uma busca incessante de alternativas<br />

para sobrevivência.” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

“Teve momentos, que eu fiquei numa situação desesperadora... não sabia o que fazer... As<br />

minhas coisas... eu já estava me desfazendo de tudo mas... a minha <strong>casa</strong> eu não vou vender! Não vou<br />

vender.” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

4.3.1 Uma nova ord<strong>em</strong> familiar – a relação com os filhos<br />

A responsabili<strong>da</strong>de pelo sustento dos dependentes se configurou como uma preocupação a<br />

mais, um agravante <strong>da</strong> situação.<br />

“Porque quando você é sozinho, ou é <strong>em</strong> dois, tudo b<strong>em</strong>. Mas quando envolve mais (número<br />

de filhos) (risos) aí a coisa mu<strong>da</strong> de figura. Aí, eu sei b<strong>em</strong> o que é isso... não é moleza não. (...) Eu<br />

tenho a preocupação do trabalho, porque a gente ain<strong>da</strong> t<strong>em</strong> essas meninas aí por alguns anos. (...)<br />

Fiquei oito anos s<strong>em</strong> pintar a <strong>casa</strong>. Por que? Porque eu tinha que canalizar o pouco para manter a<br />

escola, para manter a comi<strong>da</strong>. Eu parei de comer camarão? Não importa. Eu estou comendo carne<br />

moí<strong>da</strong>? Ain<strong>da</strong> de primeira? Está ótimo! “ (Entrevista - Esposa de aposentado)<br />

Alguns afirmaram ter passado por situações que foram considera<strong>da</strong>s por eles humilhantes.<br />

Uma entrevista<strong>da</strong> falou <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des na hora <strong>da</strong> negociação de dívi<strong>da</strong>s escolares.<br />

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