Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...
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Com o intuito de superar as dificul<strong>da</strong>de dos trabalhadores na interação com as máquinas e,<br />
consequent<strong>em</strong>ente, aumentar a produção, surgiram novos conceitos, “científicos”, de racionalização<br />
<strong>da</strong> produção: o taylorismo, que fragmentou as diversas etapas <strong>da</strong> produção <strong>em</strong> tarefas muito simples<br />
e repetitivas, cujo t<strong>em</strong>po de execução era cronometrado a fim de se evitar o t<strong>em</strong>po perdido e os<br />
movimentos desnecessários, e o fordismo, que se seguiu ao taylorismo, e instituiu a esteira na linha<br />
de montag<strong>em</strong>, aumentando ain<strong>da</strong> mais a mecanização e impondo ao trabalhador, que não se movia<br />
mais de seu lugar na fábrica, o ritmo <strong>da</strong> máquina. O trabalhador era visto como mais uma peça na<br />
engrenag<strong>em</strong> <strong>da</strong> fábrica e, mais ain<strong>da</strong>, peça facilmente substituível pois, por executar apenas uma<br />
parcela ínfima de todo processo, dispensava qualquer qualificação, podendo ser substituído a qual-<br />
quer momento por outro trabalhador, igualmente s<strong>em</strong> qualificação.<br />
A mu<strong>da</strong>nça seguinte nas relações de trabalho se deu <strong>em</strong> função <strong>da</strong> incapaci<strong>da</strong>de do fordismo<br />
e do taylorismo manter<strong>em</strong> uma mão-de-obra estável e produtiva. A rotativi<strong>da</strong>de dos <strong>em</strong>pregados era<br />
altíssima e isto limitava a produção. Ao privilegiar os aspectos fisiológicos e técnicos <strong>da</strong>s linhas de<br />
produção, s<strong>em</strong> abor<strong>da</strong>r os aspectos psicológicos dos trabalhadores, o fordismo não obteve meios<br />
para solucionar probl<strong>em</strong>as como a apatia, a desatenção, o tédio e o conflito entre os <strong>em</strong>pregados e os<br />
patrões, surgidos após a implantação de sua administração.<br />
Na tentativa de superar essa limitação, entraram <strong>em</strong> cena os estudos <strong>da</strong>s relações humanas<br />
que apontaram para a necessi<strong>da</strong>de de ser<strong>em</strong> atendidos os aspectos <strong>em</strong>ocionais <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do trabalhador.<br />
Em suma, para produzir mais, o fator humano não poderia continuar a ser negligenciável.<br />
A estratégia para elevar os níveis de produtivi<strong>da</strong>de seria a de aliar as necessi<strong>da</strong>des sociais dos<br />
trabalhadores à estrutura organizacional <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, fazendo com que estes se sentiss<strong>em</strong> parte<br />
integrante e importante <strong>da</strong> mesma, cúmplices do processo produtivo. Dessa forma, “a <strong>em</strong>presa, fazendo<br />
crer que seus interesses são coincidentes com os dos <strong>em</strong>pregados, gera nestes o sentimento de participar dos objetivos <strong>da</strong><br />
companhia, a qual, por sua vez, deve merecer seus esforços, contribuindo, assim, para seu sucesso econômico.”<br />
(Carmo, 1992: 60) São impl<strong>em</strong>entados os chamados programas de quali<strong>da</strong>de17 no sentido de alcançar<br />
esse objetivo.<br />
A última déca<strong>da</strong> do século XX, v<strong>em</strong> encontrar o trabalhador diante de uma crise do <strong>em</strong>prego.<br />
A automação e a informática, frutos <strong>da</strong> revolução tecnológica, elevaram os níveis de produtivi<strong>da</strong>de<br />
a patamares inesperados mas, <strong>em</strong> contraparti<strong>da</strong>, estão excluindo do processo produtivo contingentes<br />
ca<strong>da</strong> vez maiores <strong>da</strong> população. Muitas profissões deixaram de existir num período de 20 anos. Ou-<br />
tras surgiram e desapareceram neste mesmo período. Os trabalhadores que continuam inseridos nos<br />
17 Cf. Búrigo (1997). Os nomes específicos dos diversos programas não são relevantes para esta pesquisa. O que quero enfatizar<br />
é que, nessa fase, a gerência <strong>em</strong>presarial percebe que não há como crescer, expandir-se ou ser produtiva s<strong>em</strong> a colaboração<br />
irrestrita dos <strong>em</strong>pregados.<br />
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