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Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...

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por parte dos <strong>em</strong>pregados ao programa não é boa. Só o convite à participação já é considerado um<br />

fator estigmatizante para o funcionário, significando que a <strong>em</strong>presa não t<strong>em</strong> mais interesse <strong>em</strong> inves-<br />

tir nele. A partir do convite, a relação <strong>em</strong>pregado/<strong>em</strong>presa começa a se desgastar.<br />

Algumas <strong>da</strong>s outras informações obti<strong>da</strong>s através delas foram as de que, dependendo <strong>da</strong> época<br />

<strong>em</strong> que se aposentam (qual a regra que está vigorando), pod<strong>em</strong> sair muito b<strong>em</strong> ou muito mal, finan-<br />

ceiramente. Alguns ex-<strong>em</strong>pregados que não t<strong>em</strong> <strong>casa</strong> própria e decid<strong>em</strong> <strong>em</strong>preender a construção de<br />

uma nesse momento são, segundo as assistentes sociais, <strong>em</strong> geral, os que passam por maiores dificul-<br />

<strong>da</strong>des econômicas.<br />

Além dos probl<strong>em</strong>as econômicos, muitos conflitos pessoais são vividos pelos sujeitos: per<strong>da</strong><br />

de amigos, <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de profissional, do poder aquisitivo, sentimento de vazio, sentimento de exclu-<br />

são antes mesmo <strong>da</strong> aposentadoria. Segundo essas funcionárias, quanto mais alto o nível hierárquico,<br />

maiores são os conflitos pessoais. As queixas sobre conflitos conjugais, quando exist<strong>em</strong>, ocorr<strong>em</strong> a<br />

partir de ambos os sexos. Se o <strong>casa</strong>mento já não ia b<strong>em</strong>, após a aposentadoria tende a piorar. Foi<br />

citado um caso de uma aposenta<strong>da</strong> que, ao permanecer <strong>em</strong> <strong>casa</strong>, começou a ter conflitos domésticos<br />

com a <strong>em</strong>prega<strong>da</strong>.<br />

As dificul<strong>da</strong>des <strong>em</strong> relação à desvinculação com a <strong>em</strong>presa pod<strong>em</strong> chegar, <strong>em</strong> alguns casos, a<br />

situações extr<strong>em</strong>as: um ex-<strong>em</strong>pregado durante uns quinze dias após sua aposentadoria, vinha diaria-<br />

mente à sede, dirigia-se à sua mesa e lá ficava sentado. Um outro, algumas vezes saía de <strong>casa</strong> e dirigia-<br />

se automaticamente para a <strong>em</strong>presa, só se <strong>da</strong>ndo conta de que não tinha que estar ali depois que<br />

chegava.<br />

Estas informações obti<strong>da</strong>s com as assistentes sociais, entretanto, são relativas aos <strong>em</strong>pregados<br />

que se aposentam no que poderíamos chamar de condições normais.<br />

No caso dessa pesquisa, os sujeitos são outros. Os sujeitos são aqueles que tinham direito à<br />

aposentadoria especial do INSS e, para não perdê-la, optaram por aposentar-se e aqueles cujo nome<br />

constava de uma lista de d<strong>em</strong>issão e, <strong>em</strong> vista disso, optaram por aderir ao plano de d<strong>em</strong>issão volun-<br />

tária e receber os benefícios oferecidos. Para muitos <strong>em</strong>pregados, todo o processo foi muito rápido,<br />

não havendo t<strong>em</strong>po hábil para nenhuma preparação.<br />

Segundo os depoimentos dos informantes, a motivação para sair <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa esteve liga<strong>da</strong> às<br />

ameaças de mu<strong>da</strong>nças nas regras que regiam o direito à aposentadoria e também às mu<strong>da</strong>nças nas<br />

condições de trabalho dentro <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, <strong>em</strong> termos de relacionamento pessoal e institucional. De<br />

acordo com Zanelli e Silva,<br />

“o medo generalizado se encontra calcado na idéia de que ao mu<strong>da</strong>r as regras do jogo, o<br />

trabalhador teria que postergar a sua aposentadoria. Em decorrência, inúmeras pessoas, principalmente<br />

na esfera do serviço público, estão buscando antecipar o quanto pod<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> uma<br />

maior reflexão, o desligamento de suas ativi<strong>da</strong>des normais. (Zanelli e Silva, 1996: 47)<br />

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