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Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...

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filhos... e cultivar as amizades e viver nessa coisa que eu s<strong>em</strong>pre considerei um paraíso.” (Entrevista<br />

- <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

4.2 Os T<strong>em</strong>pos Árduos<br />

4.2.1 As Mu<strong>da</strong>nças Externas<br />

Ao fim do período <strong>da</strong> ditadura militar, o perfil <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa começou a se modificar. Até então<br />

a Eletrosul, segundo depoimento, era considera<strong>da</strong> <strong>em</strong>presa modelo no setor elétrico e havia sido<br />

responsável pela construção e operação de usinas hidro e termelétricas no sul do Brasil, além <strong>da</strong><br />

transmissão <strong>da</strong> energia gera<strong>da</strong> por essas usinas para as diversas ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s regiões sul e sudeste.<br />

Nesse momento teve início no Brasil um movimento incipiente de esvaziamento <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas<br />

estatais, de preparação para o “enxugamento” e posterior ven<strong>da</strong> à iniciativa priva<strong>da</strong>, adequando a<br />

estrutura do governo ao estado mínimo, com vistas a atender às diretrizes do modelo econômico<br />

neoliberal. Para isso, várias medi<strong>da</strong>s começaram a ser toma<strong>da</strong>s. Entre elas estavam as propostas de<br />

alteração nas leis de estabili<strong>da</strong>de dos funcionários <strong>da</strong>s estatais, a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s regras <strong>em</strong> relação ao<br />

t<strong>em</strong>po de serviço para aposentadoria, a diminuição dos investimentos nas <strong>em</strong>presas e o surgimento<br />

dos planos de incentivo à d<strong>em</strong>issão. No caso específico <strong>da</strong> Eletrosul, esse período significou o fim<br />

dos investimentos no setor e conseqüente abandono dos projetos de construção de novas usinas.<br />

Uma <strong>da</strong>s falas de meus entrevistados explicita o sentimento de decepção que ocorreu entre os <strong>em</strong>pre-<br />

gados naquele momento:<br />

“Aí aconteceu uma coisa que, a meu ver, foi o que (...) começou esse probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong> Empresa,<br />

sabe... mu<strong>da</strong>r, mu<strong>da</strong>r. Foi o seguinte: a Eletrosul como <strong>em</strong>presa responsável pela transmissão e distribuição<br />

de energia elétrica na região sul do país, ela nos seus primeiros dez, quinze, vinte anos, ela<br />

tinha (...) que estar construindo. Sabe? Construindo. Ela construiu Passo Fundo. Ela construiu Salto<br />

Osório, construiu Salto Santiago. Mas tinha mais... ela já tinha que ter construído Itá, já tinha que ter<br />

construído Machadinho, tudo isso já tinha que ter acontecido. Então, esse ritmo... aquela equipe de<br />

trabalho que ela formou, que ela treinou, que ela preparou... A Eletrosul é a <strong>em</strong>presa modelo do<br />

setor... e vinha num pique fantástico. Com to<strong>da</strong>s essas usinas e tal... Isso tinha que ter continuado.<br />

Mas não teve continuação. Não apenas porque a <strong>em</strong>presa precisava trabalhar e... mas porque o Brasil<br />

precisava disso, né? O Brasil precisava disso. Nós estiv<strong>em</strong>os aí s<strong>em</strong>pre na iminência de... estamos até<br />

hoje, de ter probl<strong>em</strong>as sérios de racionamento... de energia, essa coisa to<strong>da</strong>, porque não havia, e não há<br />

ain<strong>da</strong>, (...) o atendimento... nós t<strong>em</strong>os uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>, não só uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> reprimi<strong>da</strong> mas t<strong>em</strong> uma<br />

d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> já instala<strong>da</strong>, uma d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> que está aí, que nós t<strong>em</strong>os que construir. (enfático). Não t<strong>em</strong><br />

jeito, t<strong>em</strong> que se buscar essas alternativas energéticas (...)mas parou. A <strong>em</strong>presa parou de construir. E<br />

com isso, as pessoas começaram a não ter o que fazer. E começaram a se preocupar com outras coisas<br />

que não tinha na<strong>da</strong> a ver com aquilo que nós fiz<strong>em</strong>os durante muitos anos.” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong><br />

aposentado)<br />

As mu<strong>da</strong>nças econômicas tiveram impacto direto e imediato nas condições de trabalho e no<br />

relacionamento com a <strong>em</strong>presa, e posteriormente, nas relações pessoais entre os funcionários. O fim<br />

dos investimentos <strong>em</strong> construções de usinas, deixou parte dos <strong>em</strong>pregados s<strong>em</strong> tarefa defini<strong>da</strong>. A<br />

fala dessa informante dá conta <strong>da</strong> sua perplexi<strong>da</strong>de diante dessa situação.<br />

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