Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...
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Essa avaliação pelos <strong>em</strong>pregados de que no período militar a situação de trabalho era melhor,<br />
pode ser explica<strong>da</strong> pelo fato de que o período militar foi, efetivamente, de instalação e consoli<strong>da</strong>ção<br />
<strong>da</strong> infra-estrutura energética e de comunicação, necessárias ao desenvolvimento do parque industrial<br />
brasileiro, portanto, período de grande valorização do pessoal técnico necessário à execução <strong>da</strong> tare-<br />
fa. Situação na qual se inclu<strong>em</strong> os entrevistados dessa pesquisa.<br />
Em contraparti<strong>da</strong>, as mu<strong>da</strong>nças econômicas que impuseram a estagnação <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, fizeram<br />
com que alguns desses funcionários, altamente especializados, ficass<strong>em</strong> s<strong>em</strong> ocupação defini<strong>da</strong>, ou<br />
mesmo s<strong>em</strong> ocupação, enfrentando a sensação de “desvalorização” de seu trabalho, o que, como<br />
apontou Nolasco (1995), implicaria no sentimento de desvalorização pessoal. A falta de tarefas<br />
relevantes, preocupações, prazos a cumprir, <strong>em</strong> suma, os signos de produtivi<strong>da</strong>de, levou muitos<br />
desses homens a experimentar<strong>em</strong> sensações de perplexi<strong>da</strong>de e angústia. A “grande família” sofreu<br />
nesse momento seu primeiro abalo.<br />
4.2.2 As Greves<br />
De acordo com Carmo, “quando o grau de exploração atinge níveis elevados, os descontentamentos explo-<br />
d<strong>em</strong> com mais vigor e as máscaras patronais sustenta<strong>da</strong>s por longos anos despencam.” (Carmo, 1992: 62)<br />
A política de “esvaziamento” <strong>da</strong>s estatais <strong>em</strong>preendi<strong>da</strong> pelo governo, provocou algumas rea-<br />
ções por parte dos <strong>em</strong>pregados. Com o fortalecimento dos sindicatos e associações profissionais,<br />
eclodiram greves cujos propósitos eram a defesa dos salários dos funcionários e dos direitos adquiri-<br />
dos por estes. Além disso, também havia por parte dos funcionários e sindicatos, ações com vistas à<br />
chama<strong>da</strong> defesa do b<strong>em</strong> público, no caso a <strong>em</strong>presa, contra o que consideravam os desmandos dos<br />
políticos que haviam assumido seu controle. Uma <strong>da</strong>s iniciativas nesse sentido ocorri<strong>da</strong> na <strong>em</strong>presa,<br />
foi uma greve de gerentes com o objetivo de pressionar o governo a substituir um presidente, consi-<br />
derado por eles inadequado para o cargo.<br />
“E... mas... aí depois, todos vocês conhec<strong>em</strong>, a estória <strong>da</strong> Eletrosul,... nós fiz<strong>em</strong>os um movimento...<br />
172 chefes, na ocasião, se recusaram a trabalhar com Dallagnol. Porque nós éramos técnicos,<br />
como eu disse, e não estávamos acostumados às questões políticas. As questões políticas eles deviam<br />
resolver lá por cima e não misturar técnica com posições políticas. Então, nós fiz<strong>em</strong>os um documento <strong>em</strong><br />
que pedimos à Eletrobrás, <strong>da</strong> diretoria <strong>da</strong> Eletrosul, (que retirasse) ...inclusive o seu presidente, que<br />
era o (nome). Eu tenho guar<strong>da</strong>do até hoje esse documento, e a gente pode constatar que <strong>da</strong>quelas 172<br />
assinaturas, depois de um certo t<strong>em</strong>po nenhum deles ficou mais com cargo de chefia. Mas isso a gente<br />
também sabia, na hora que a gente fez. A gente sabia que podia ter represália, que podia... as nossa<br />
funções estar<strong>em</strong> sendo tira<strong>da</strong>s. Mas o que era correto, e como técnicos, nós achamos que o correto era a<br />
gente preservar a <strong>em</strong>presa. E foi isso que a gente visou. Mas custou muito caro para mim e para todos<br />
que... assinaram o documento. Então,... foi uma experiência que nós tiv<strong>em</strong>os e eu não me arrependo de<br />
na<strong>da</strong> do que a gente fez, não faria diferente e... só gostaria de ter podido ficar s<strong>em</strong>pre como técnico e não<br />
tendo esses probl<strong>em</strong>as políticos aí no meio.” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />
“A <strong>em</strong>presa foi cria<strong>da</strong> pelo governo, mas ele não é dono <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa, o dono <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa somos<br />
todos nós. Mas, alguém t<strong>em</strong> que administrar... eu, como gerente, s<strong>em</strong>pre entendi que fazia parte <strong>da</strong>...<br />
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