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Homem em casa vira Maria.pmd - Repositório Institucional da UFSC ...

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atravessa períodos de altos e baixos. As falas enfatizam que é no período de turbulências que se pode<br />

saber quais são os reais compromissos entre os <strong>casa</strong>is.<br />

“...eu acho que a mulher para deixar um cara que viveu com ela muitos anos, pai dos filhos<br />

dela... fazer um negócio desse eu acho que é falta de respeito com um ser humano. Por que amor, essas<br />

coisas, sei lá se acabou, né? Mas você vive com a pessoa, é o pai dos seus filhos, vinte e tantos anos<br />

juntos, você não bota para rua assim. Então, minha filha, t<strong>em</strong> gente que não sabe repartir o pão, né?”<br />

(Entrevista – esposa de aposentado)<br />

“A pessoa agüentava mais coisa por causa do <strong>casa</strong>mento indissolúvel. Agora se a gente for <strong>casa</strong>r<br />

e disser assim ‘Olha se der deu, se não der eu parto pra outra’, então não vai agüentar é na<strong>da</strong>! A<br />

primeira briguinha que tiver, você pega a tua trouxinha e cai fora, não é? Então não pode ser uma<br />

coisa assim.” (Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

Um dos depoentes, que está no terceiro <strong>casa</strong>mento, não acredita que a aposentadoria tenha<br />

relação com as separações. Ele entende que o <strong>casa</strong>l que não construiu uma relação pessoal sóli<strong>da</strong>,<br />

que não t<strong>em</strong> na<strong>da</strong> para partilhar, ao ficar a sós não consegue conviver.<br />

4.3.3 Amizades<br />

“Aquele contrato que eu falei (...) ‘olha nós vamos <strong>casa</strong>r, vamos comprar uma <strong>casa</strong>, vamos<br />

comprar um carro, vamos ter uma <strong>casa</strong> de praia, vamos fazer uma viag<strong>em</strong> pra Disneylândia, uma pra<br />

Europa’, coisas assim, aí pega to<strong>da</strong>s as energias e tal. Se conseguir<strong>em</strong> fazer isso, eles estão ocupados,<br />

não pensam muito no relacionamento pessoal e não t<strong>em</strong> um ideal maior assim pra você, que consiga te<br />

entusiasmar, te apaixonar. Isso eu conheço, eu conheço <strong>casa</strong>l que depois de feito tudo isso viu que a vi<strong>da</strong><br />

do <strong>casa</strong>l era uma droga e aí foi para o brejo a coisa. No caso <strong>da</strong> aposentadoria é um pouco assim, o<br />

cara vive mais perto <strong>da</strong> família. Se a relação não era boa mas o cara também fica afastado, com qu<strong>em</strong><br />

fica afastado você não briga não é? Então eu acho que esse tipo de coisa às vezes mascara os probl<strong>em</strong>as.”<br />

(Entrevista - <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

“Eu conheço um <strong>casa</strong>l que o cara é engenheiro, na época <strong>da</strong>s vacas gor<strong>da</strong>s que ganhava um<br />

monstro de um salário... construiu a primeira <strong>casa</strong>, construiu a segun<strong>da</strong> <strong>casa</strong>, construiu a terceira <strong>casa</strong>,<br />

mudou e não sei o que e tal, acabou o dinheiro. Aí o <strong>casa</strong>mento foi pro brejo. Mas porque que foi pro<br />

brejo? É porque acabou o dinheiro? Não. É porque o dinheiro servia pra encobrir os probl<strong>em</strong>as que<br />

tinham, a pessoa ficava ocupa<strong>da</strong> com outra coisa, então, isso existe mesmo não t<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>.” (Entrevista<br />

- <strong>Hom<strong>em</strong></strong> aposentado)<br />

Os efeitos <strong>da</strong> nova situação também se fizeram sentir nos relacionamentos sociais com os<br />

colegas de trabalho. Os laços já afrouxados pelas greves, de acordo com os depoimentos, se esgarçaram<br />

ain<strong>da</strong> mais.<br />

“Quando nós vi<strong>em</strong>os para cá... a gente se relacionava nos fins de s<strong>em</strong>ana, tinha bastante<br />

amigos. É... aquele monte de gente... na <strong>casa</strong> de um, na <strong>casa</strong> de outro. Fim de s<strong>em</strong>ana animado...passava<br />

um domingo maravilhoso, um monte de crianças. E de vez <strong>em</strong> quando caía um, machucava outro...<br />

Então era uma farra. A gente era feliz e não sabia, não é? Depois as coisas foram piorando, para uns<br />

primeiro, para outros depois, as pessoas foram se distanciando. Eu hoje vou te dizer que a gente não<br />

visita ninguém e não recebe visitas de ninguém. (...)Então, quer dizer, aquele grupo de amigos, aquele<br />

movimento de fim de s<strong>em</strong>ana, aquilo acabou. A situação financeira de todo mundo apertou, né? E eu<br />

converso isso com as pessoas que eu ain<strong>da</strong> encontro de vez <strong>em</strong> quando, as pessoas falam: ‘Ah, a gente<br />

também sente isso. Precisamos reunir, não sei quê, não sei quê, vamos fazer um churrasquinho no fim<br />

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