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pedin<strong>do</strong>-lhe que acrescentasse duas cordas ao ban<strong>do</strong>lim convencional, num total de<br />
10. O resulta<strong>do</strong> foi o seu instrumento de eleição, aquele que melhor veicula as suas<br />
ideias musicais. Como descreve o músico, “o timbre é mais grave, mais aveluda<strong>do</strong>, faz<br />
carinho no ouvi<strong>do</strong> da plateia, <strong>do</strong> ouvinte e <strong>do</strong> músico. Com essas duas cordas a mais,<br />
posso praticar a polifonia com mais eficiência, posso tocar melodia, acordes e ritmo ao<br />
mesmo tempo. Tenho a sensação de que as ideias de improvisação e harmonia ficam<br />
mais claras”.<br />
Hamilton de Holanda foi por diversas vezes condecora<strong>do</strong> com prémios e distinções,<br />
tanto individualmente enquanto instrumentista como com o seu quinteto. Em 2001, o<br />
ban<strong>do</strong>linista conquistou por unanimidade o Prémio Icatu-Hartford de Artes como o<br />
melhor instrumentista <strong>do</strong> Brasil. Esta distinção permitiu-lhe receber uma bolsa e uma<br />
hospedagem especial na Cité International des Arts, em Paris, durante 1 ano. Esta foi<br />
uma fase de extrema importância para Hamilton, que lhe permitiu não só um grande<br />
crescimento pessoal como também um considerável aperfeiçoamento musical,<br />
nomeadamente da técnica <strong>do</strong> ban<strong>do</strong>lim de 10 cordas. Desde então, os seus<br />
espectáculos na Europa continuam a aumentar e a sua relação com o Velho Continente<br />
não pára de se intensificar. Como o próprio afirma, “Hoje não vivo sem a Europa. É<br />
minha segunda casa. E a França é o meu segun<strong>do</strong> país”.<br />
A produção discográfica de Hamilton diz muito <strong>do</strong> seu talento e pioneirismo. 1 byte 10<br />
strings (2005), por exemplo, é o primeiro álbum a solo de ban<strong>do</strong>lim de 10 cordas<br />
alguma vez regista<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> distingui<strong>do</strong> com o prémio Choc, atribuí<strong>do</strong> pela<br />
revista Le Monde de la Musique. Brasilianos (2007), já com o quinteto, foi nomea<strong>do</strong><br />
para o Grammy Latino para Melhor Disco Instrumental.<br />
O quinteto Hamilton de Holanda, grupo de maturidade <strong>do</strong> ban<strong>do</strong>linista, revela<br />
singular cumplicidade e um virtuosismo notável. Hamilton descreve-o como um grupo<br />
muito original pela formação instrumental que tem (ban<strong>do</strong>lim, harmónica, guitarra,<br />
baixo e bateria), o único grupo no mun<strong>do</strong> com essa sonoridade. Diz-nos o músico<br />
brasileiro: “Os cinco músicos são solistas, com um virtuosismo direcciona<strong>do</strong> para se<br />
fazer música e não o contrário. Já tocamos juntos há um bom tempo, o que nos dá<br />
uma intimidade que permite chegar a um ponto de emoção muito forte. E o mais<br />
importante, o incansável ímpeto de sempre dar o máximo para tocar bonito, de<br />
emocionar quem nos ouve, de falar com o divino”.<br />
Hamilton de Holanda tocou já em Portugal em três ocasiões, duas com o seu quinteto<br />
(Matosinhos e Sines) e uma vez no Rock in Rio 2003, em Lisboa, integra<strong>do</strong> no grupo<br />
Curupira. Desta vez, o ban<strong>do</strong>linista apresenta-se com o seu quinteto para apresentar a<br />
música de Brasilianos 2, último registo da banda. O disco é constituí<strong>do</strong> por<br />
composições de Hamilton nos últimos <strong>do</strong>is anos, interpretadas de forma diferente em<br />
cada local de concerto: aliás, segun<strong>do</strong> o músico, neste concerto no <strong>Porto</strong> o público<br />
português pode até esperar ouvir algum fa<strong>do</strong>, na interpretação particular de Hamilton.<br />
Ten<strong>do</strong> em conta as semelhanças entre a guitarra portuguesa e o ban<strong>do</strong>lim <strong>do</strong><br />
brasileiro, o resulta<strong>do</strong> será certamente interessante.<br />
Quanto à perspectiva de tocar de novo em Portugal, e em particular na Casa da<br />
Música, Hamilton diz o seguinte: “Os concertos em Portugal são sempre memoráveis.<br />
Nunca é demais dizer da relação familiar que temos. E isso fica evidente na hora de<br />
fazer um show. A vontade de tocar aumenta, sinto uma cumplicidade <strong>do</strong> público.<br />
Parece que estão vibran<strong>do</strong> como num jogo de futebol, cada música ou cada solo é um<br />
golo comemora<strong>do</strong> de maneira emocionante. Quan<strong>do</strong> estive em Matosinhos, tive a<br />
oportunidade de passar em frente à Casa da Música e fiquei impressiona<strong>do</strong>. Dá<br />
orgulho ver o respeito como a música é tratada nesse templo <strong>do</strong>s sons. Espero passar<br />
uma grande noite por aí!”<br />
6/6/<strong>09</strong> 36