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VERÃO NA CASA 09 - Universidade do Porto

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por uma questão de confiança, que é muito importante para mim. Eles assinaram sem<br />

ouvir a gravação final <strong>do</strong> disco, o que foi muito simpático e nem sempre acontece.<br />

Tenho mais de 30 anos de palco e é muito desagradável sentir que as pessoas estão<br />

sempre à espera de ver o que é que sai, nunca confian<strong>do</strong> no que poderá ser<br />

apresenta<strong>do</strong>.<br />

E 28 anos depois <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong>s GNR, o que vos apetece fazer agora?<br />

Já têm o conceito pensa<strong>do</strong> para o álbum?<br />

Para nós é muito difícil dar o próximo passo porque as pessoas querem mais <strong>do</strong><br />

mesmo. E é isso que temos verifica<strong>do</strong> em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. As grandes bandas<br />

internacionais têm tendência para fazer mais <strong>do</strong> mesmo, sem surpresas, porque sabem<br />

que é o que o público está à espera. Nos GNR nunca tivemos essa tendência. Por<br />

exemplo, o Lago <strong>do</strong>s Cisnes é um disco mal ama<strong>do</strong> porque nós optámos por retirar as<br />

teclas e fazer um disco de guitarras.<br />

Fica difícil mostrar que evoluíram como músicos.<br />

Nem é só isso. Temos de nos identificar com o que estamos a fazer. Quan<strong>do</strong><br />

empancamos num tema e ele deixa de ter significa<strong>do</strong> em termos criativos,<br />

aban<strong>do</strong>namos a ideia de o apresentar ao vivo, por muito que as pessoas peçam. Até<br />

que surja um arranjo novo que dê nova vida àquele tema. Por exemplo, a entrada <strong>do</strong><br />

Andy Torrence no grupo fez-nos recuperar o Tirana porque ele tem um toque<br />

diferente de guitarra. Digamos que estamos condiciona<strong>do</strong>s, no bom senti<strong>do</strong>, pelos<br />

músicos que nos acompanham. O Hugo Novo, continuan<strong>do</strong>, é <strong>do</strong>s melhores teclistas<br />

que já passaram pelos GNR e isto aju<strong>do</strong>u-nos a recuperar um repertório que já não<br />

estávamos a tocar há algum tempo, entre eles o Vídeo Maria.<br />

Os músicos da nova geração que estão a tocar convosco trouxeram novas<br />

abordagens. Foram uma “lufada de ar fresco” na banda?<br />

Sim, mas acho que é geral. Os músicos de agora fazem coisas muito boas. Todas as<br />

semanas me dão a conhecer projectos novos e eu gosto muito de falar com os músicos<br />

porque fazem parte de uma geração sem complexos, que assume as suas influências.<br />

Os que se dizem génios, sem influências, têm de ser testa<strong>do</strong>s pelo país real. Tenho<br />

passa<strong>do</strong> muito tempo na capital <strong>do</strong> Império e aquela gente sofre muito <strong>do</strong> complexo de<br />

Vila Franca. Como fazem as coisas uns para os outros vão sobreviven<strong>do</strong>, mas quan<strong>do</strong><br />

têm de ir a Salvaterra de Magos e têm de mostrar porque são tão interessantes e bons,<br />

a realidade é outra.<br />

Estreou-se na Casa da Música, no final de Abril de 2008, com uma<br />

encomenda para o ciclo Música e Revolução. Qual a sua opinião sobre esta<br />

sala de espectáculos?<br />

É um elemento incontornável da cidade. Positivo, porque criou o hábito nas pessoas<br />

de se cultivarem graças à sua programação regular. Desde 2001 que a oferta cultural<br />

da cidade diminuiu drasticamente, sem querer entrar em políticas. Tenho fala<strong>do</strong> com<br />

gente que quer lançar novos trabalhos e são poucos os sítios para tocar, onde as<br />

bandas possam testar as músicas, sejam bandas novas ou com carreira. Lembro-me<br />

<strong>do</strong>s tempos em que começávamos no Carlos Alberto, passávamos pelo Rivoli e depois<br />

íamos ao Coliseu. Havia um percurso natural que agora não existe. Temos bares, mas<br />

parece-me uma moda terrível. Os portugueses apanham sempre a moda errada. A<br />

moda copiona é muito triste…<br />

Moda copiona? A que se refere?<br />

Ao chama<strong>do</strong> djaying, que é um termo muito triste. Primeiro, porque não conheço<br />

nenhum DJ inteligente. Não há universidades de DJ, nem nenhuma linha de<br />

pensamento. Mas parece-me que é uma função que tem vin<strong>do</strong> a substituir a música ao<br />

vivo que continua a haver em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, mas só nós é que ficámos com este<br />

6/6/<strong>09</strong> 5

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