You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Em 2002 a sua vida toma um novo rumo com a edição <strong>do</strong> seu primeiro disco em nome<br />
próprio, O Mesmo Fa<strong>do</strong>, onde as influências musicais <strong>do</strong> Alentejo são marcantes e lhe<br />
valeram o prémio de “Melhor Nova Voz <strong>do</strong> Fa<strong>do</strong>” atribuí<strong>do</strong> pela Rádio Nova FM.<br />
Dois anos mais tarde lança Por Meu Cante, onde aprofunda as suas raízes alentejanas,<br />
recuperan<strong>do</strong> temas <strong>do</strong> cancioneiro da região e fundin<strong>do</strong>-os com as novas tendências<br />
<strong>do</strong> fa<strong>do</strong>. Em 2006 é-lhe atribuí<strong>do</strong> o prémio Amália Rodrigues na categoria de “Melhor<br />
Intérprete Masculino de Fa<strong>do</strong>”. Nacional e internacionalmente as digressões<br />
intensificam-se e, no final de 2007, lança o seu terceiro álbum Outro Senti<strong>do</strong>,<br />
apontan<strong>do</strong> outras direcções para a sua música.<br />
Edita<strong>do</strong> recentemente no Brasil, este disco conta com mais três faixas onde podemos<br />
ouvir as participações de Roberta Sá e Trio Madeira Brasil, de Zé Renato e de Ivan<br />
Lins. É este o trabalho que António Zambujo (voz e guitarra) vem apresentar na Casa<br />
da Música, ao la<strong>do</strong> de Paulo Parreira (guitarra portuguesa), Ricar<strong>do</strong> Cruz (viola baixo<br />
e contrabaixo) e <strong>do</strong> músico convida<strong>do</strong> José Conde (clarinete).<br />
Vai estrear-se na Casa da Música com Outro Senti<strong>do</strong>. Este disco foi<br />
edita<strong>do</strong> há <strong>do</strong>is anos, já tem temas novos para apresentar?<br />
Este concerto vem no seguimento <strong>do</strong> que temos vin<strong>do</strong> a fazer desde a edição <strong>do</strong> disco.<br />
Será um concerto basea<strong>do</strong> nos temas <strong>do</strong> Outro Senti<strong>do</strong>, onde também recuperámos<br />
músicas de discos anteriores e apresentamos temas que não foram grava<strong>do</strong>s.<br />
Gostamos de testar as músicas novas ao vivo para ver a reacção <strong>do</strong> público e para lhes<br />
dar rodagem. Assim, quan<strong>do</strong> chegarmos ao estúdio, os temas têm mais<br />
sustentabilidade. Prevemos editar em mea<strong>do</strong>s de Abril de 2010.<br />
A maioria das críticas ao seu trabalho realça o facto de ser um homem<br />
fadista e de isso ser uma agradável surpresa. Por exemplo, o Caetano<br />
Veloso escreveu que o António o “pegou de jeito”.<br />
Isso acontece um pouco por to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> e é natural. A maior referência das pessoas<br />
é Amália Rodrigues e, recentemente, a Mariza. Ainda hoje, no Japão, é impensável um<br />
homem cantar fa<strong>do</strong>. Isto acontece um pouco por “culpa” <strong>do</strong> sucesso que elas tiveram.<br />
O Brasil não é um país, por tradição, adepto de fa<strong>do</strong>. Os nossos fadistas<br />
viajam mais pela Europa e EUA. O António chegou lá e tem estabeleci<strong>do</strong><br />
várias parcerias com músicos brasileiros estan<strong>do</strong> cada vez mais presente<br />
naquele merca<strong>do</strong>. Como se dá esta sinergia?<br />
A música brasileira é a minha principal referência e há cantores que são grandes<br />
influências a nível estético. Sou segui<strong>do</strong>r <strong>do</strong> João Gilberto, <strong>do</strong> Caetano Veloso (o<br />
cantor que mais me impression), <strong>do</strong> Chico Buarque, <strong>do</strong> Tom Jobim e <strong>do</strong> Vinicius de<br />
Moraes. Como tal, é natural que isso se reflicta cada vez mais nos meus discos, na<br />
minha forma de estar, de cantar e de tocar. Nós somos o reflexo daquilo que ouvimos.<br />
Sem qualquer pretensão, este disco foi feito com temas antigos da música popular<br />
brasileira, como Lábios que Beijei que só tinha si<strong>do</strong> grava<strong>do</strong> por um cantor popular,<br />
Orlan<strong>do</strong> Silva, e mais tarde pelo Caetano Veloso no disco Fina Estampa. Felizmente,<br />
as músicas que cantei tiveram repercussão no Brasil. Eles ouviram, gostaram e a partir<br />
daí quiseram conhecer melhor o meu trabalho. Entretanto já fui lá gravar e eles vieram<br />
a Lisboa conversar comigo, como o Ivan Lins, a Maria Gabriella, a Roberta Sá e alguns<br />
produtores. Esta ligação tem-se estreita<strong>do</strong> e para o próximo disco já estamos a pensar<br />
fazer uma coisa <strong>do</strong> género, mas com mais temas originais de autores e compositores<br />
brasileiros da nova geração, como o Marcelo Camelo, o Rodrigo Maranhão e até<br />
mesmo o Ivan Lins, intercalan<strong>do</strong>-os com alguns autores portugueses que não tenham<br />
ligações com o fa<strong>do</strong> ou com a música brasileira. Como o José Luís Peixoto, o JP<br />
Simões ou a Amélia Muge…. Vai ser engraça<strong>do</strong>!<br />
Esta é mais uma prova de que o fa<strong>do</strong> não é o que foi, mas o que se pode<br />
fazer dele…<br />
6/6/<strong>09</strong> 48