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trabalho e que tem no espectáculo final também um princípio de novos projectos,<br />
nunca o termo da linha. Afinal, tem si<strong>do</strong> assim desde 2007, quan<strong>do</strong> a iniciativa se<br />
chamava ainda Ritmos da Cidade.<br />
Associa<strong>do</strong> ao Curso de Formação de Anima<strong>do</strong>res Musicais, realiza<strong>do</strong> anualmente na<br />
Casa da Música, Sonópolis tem por intuito promover o diálogo entre comunidades<br />
muito distintas. Em 2008 juntou-se, por exemplo, um coro de utentes da Santa Casa<br />
da Misericórdia da Maia, a maioria i<strong>do</strong>sos, a uma jovem comunidade inspirada nos<br />
ritmos <strong>do</strong> Brasil. Este ano há outros cruzamentos inespera<strong>do</strong>s de sons e compassos de<br />
vida: um ensemble de tubas e outro de beatbox, uma orquestra de guitarras e baixos<br />
eléctricos, um coro forma<strong>do</strong> por reclusos e um grupo que tem a mania de percutir com<br />
tu<strong>do</strong> o que lhes chega à mão. Individualmente, to<strong>do</strong>s eles têm a sua própria história,<br />
em conjunto fazem um espectáculo naturalmente ecléctico e bom de ouvir.<br />
De ano para ano, Sonópolis investe na inovação – de méto<strong>do</strong>s, de intervenientes, de<br />
musicalidades. Em 20<strong>09</strong> a novidade maior recai no modelo de apresentação ao<br />
público. Num Primeiro Andamento, os grupos participantes vão actuar isolada e<br />
simultaneamente, dentro e à volta da Casa da Música, realizan<strong>do</strong> performances em<br />
movimento. Enquanto interpretam o seu próprio repertório, convergem para o palco<br />
da Praça, e aí sim, acontece o espectáculo de fusão de estilos, instrumentos e ritmos,<br />
tu<strong>do</strong> feito sob a trama musical <strong>do</strong> Ensemble <strong>do</strong> Curso de Formação de Anima<strong>do</strong>res<br />
Musicais. Venha então a festa; apresentem-se os grupos protagonistas…<br />
A VOZ LIBERTA-SE<br />
<strong>NA</strong> ALA DOS AFI<strong>NA</strong>DOS<br />
Na primeira sessão compareceram oito, um número aquém <strong>do</strong> deseja<strong>do</strong>. Havia um<br />
“receio e preconceito inicial em relação à ideia de coro”, algo que não parecia inclina<strong>do</strong><br />
para o perfil de “homem duro” de uma população masculina reclusa. Mas os oito<br />
gostaram e outros vieram, fez-se a multiplicação. Hoje, e ao longo <strong>do</strong>s meses de<br />
trabalho no Estabelecimento Prisional <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, a Ala <strong>do</strong>s Afina<strong>do</strong>s tem uma média de<br />
40 elementos, um número que vai oscilan<strong>do</strong> à conta das vicissitudes que marcam a<br />
rotina numa prisão.<br />
Com presença garantida no palco <strong>do</strong> Sonópolis, a Ala <strong>do</strong>s Afina<strong>do</strong>s foi-se<br />
aproximan<strong>do</strong>, ao longo das sessões de trabalho, da ideia de coro idealizada por Jorge<br />
Prendas, o mentor <strong>do</strong> projecto: “A formação de um grupo de homens que cantasse o<br />
que lhes vai na alma com a mesma força de um canto alentejano ou de um gospel. Era<br />
ter homens duros em palco com a mesma atitude <strong>do</strong>s gumboots da África <strong>do</strong> Sul,<br />
mineiros que cantam e dançam como se lutassem”.<br />
Em causa está, desde o início e mais <strong>do</strong> que a qualidade musical (que também se foi<br />
impon<strong>do</strong>), a entrega à emoção que deve marcar uma experiência desta natureza. Mais<br />
um ponto que foi conquista<strong>do</strong> aos poucos num território onde os sentimentos são<br />
menos livres <strong>do</strong> que os homens.<br />
A Ala <strong>do</strong>s Afina<strong>do</strong>s apresenta-se com temas originais; as letras concebidas pelos<br />
membros <strong>do</strong> coro, a música desenvolvida por Jorge Prendas. Formada por homens<br />
que estariam longe da ideia de um dia subirem ao palco, representa uma das facetas<br />
maiores <strong>do</strong> Sonópolis: a música a tecer encontros, descobrin<strong>do</strong> cor em todas as vidas.<br />
“A formação de um grupo de homens que cantasse o que lhes vai na alma com a<br />
mesma força de um canto alentejano ou de um gospel. Era ter homens duros em<br />
palco com a mesma atitude <strong>do</strong>s gumboots da Africa <strong>do</strong> Sul, mineiros que cantam e<br />
dançam como se lutassem”. Ala <strong>do</strong>s Afina<strong>do</strong>s<br />
6/6/<strong>09</strong> 7