20.06.2013 Views

VERÃO NA CASA 09 - Universidade do Porto

VERÃO NA CASA 09 - Universidade do Porto

VERÃO NA CASA 09 - Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

maldita na história, na sua essência; e maldito hoje por ser um espectáculo que<br />

introduz novos instrumentos além da viola, da guitarra portuguesa e <strong>do</strong> baixo. Nos<br />

espectáculos apercebi-me de que as pessoas aderiram e até os próprios puristas, que<br />

no início se assustaram quan<strong>do</strong> viram uma bateria no palco, a<strong>do</strong>raram e disseram que<br />

aquilo era mais fa<strong>do</strong> que outra coisa qualquer. Claro! Eu sou fadista e os músicos base<br />

<strong>do</strong> projecto também o são, portanto a essência <strong>do</strong> fa<strong>do</strong> esta lá. Ser fadista é conseguir<br />

transmitir os sentimentos que se tem. E ter a capacidade de contar histórias. Acontece<br />

no fa<strong>do</strong> e em qualquer música portuária urbana.<br />

O ciclo Uma Casa Portuguesa homenageia Amália Rodrigues, 10 anos após<br />

o seu desaparecimento. Já pensou como vai recordá-la no seu concerto?<br />

Prefiro não desvendar tu<strong>do</strong> o que vai acontecer, mas obviamente que vamos falar e<br />

cantar coisas da Amália.<br />

O que significa Amália Rodrigues para si?<br />

Bastante. Costumo dizer que a Amália significa para o fa<strong>do</strong> aquilo que o Ástor<br />

Piazzolla pode representar para o tango. Ela trouxe uma série de influências e novos<br />

compositores para o fa<strong>do</strong>. Tinha uma forma diferente de cantar que fez o fa<strong>do</strong> evoluir<br />

muito. Além disto, representou o nosso país no mun<strong>do</strong> e onde quer que se fale de fa<strong>do</strong>,<br />

o nome de Amália é uma referência.<br />

O Hélder tem a HM Música onde agencia e edita outros projectos.<br />

Também compõe, interpreta e descobre novos talentos. Como tem<br />

acompanha<strong>do</strong> a evolução <strong>do</strong> fa<strong>do</strong> nos últimos anos?<br />

Os jovens estão a ter um papel muito importante no desenvolvimento <strong>do</strong> fa<strong>do</strong>, porque<br />

arriscam digressões pelo mun<strong>do</strong> para divulgar esta música. Conquistam as pessoas e<br />

levam-nas a querer ouvir mais, trazem-nas cá e elas acabam por descobrir no “ghetto”<br />

os mais antigos. Mais antigos hoje, mas que no tempo deles fizeram exactamente o que<br />

estes jovens estão a fazer agora. É cíclico. No entanto, ainda há coisas que faltam fazer.<br />

Por exemplo, o tango é uma música que se devolveu pelo mun<strong>do</strong> fora graças aos<br />

grupos e artistas que, nos seus espectáculos, faziam questão de divulgar aquela<br />

cultura. E acho que o fa<strong>do</strong> precisa disso. Os músicos quan<strong>do</strong> vão em digressão fora <strong>do</strong><br />

país têm de divulgar o fa<strong>do</strong>. Nos meus espectáculos falo <strong>do</strong> fa<strong>do</strong>, conto a sua história,<br />

faço tributos aos fadistas e aos guitarristas e digo que o fa<strong>do</strong> não é só canta<strong>do</strong> por<br />

mulheres, também há homens. O que nem toda a gente sabe. Este é o meu projecto,<br />

em nome próprio, divulgar o fa<strong>do</strong>…. Este fa<strong>do</strong> que trago, como o nome <strong>do</strong> disco. O<br />

fa<strong>do</strong> é de to<strong>do</strong>s, não é de ninguém.<br />

Qual a sua percepção da Casa da Música, onde já actuou e assistiu a<br />

espectáculos?<br />

O público <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> é bastante rigoroso e não se deixa enganar com facilidade, o que é<br />

interessantíssimo. Para quem faz as coisas com verdade é agradável sentir isso. Tenho<br />

visto bastantes concertos de fa<strong>do</strong> na Casa da Música, alguns deles produzi<strong>do</strong>s por mim<br />

e o público é fantástico.<br />

Neste espectáculo convi<strong>do</strong> as pessoas para viagem imaginária. Começo por onde, no<br />

meu ponto de vista, pode ter nasci<strong>do</strong> o fa<strong>do</strong>, recuperan<strong>do</strong> os fa<strong>do</strong>s tradicionais; por<br />

onde pode ter passa<strong>do</strong>, com os fa<strong>do</strong>s canções; e até onde pode ir, com os novos fa<strong>do</strong>s.<br />

E é neste momento <strong>do</strong> disco que introduzo os novos instrumentos, como a percussão<br />

e o acordeão.<br />

Devíamos prestar mais atenção aos novos compositores, apesar de muitos pensarem<br />

que é mais seguro recuperar temas conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> grande público. Os temas antigos<br />

já foram muito canta<strong>do</strong>s e há que dar oportunidade aos novos autores.<br />

6/6/<strong>09</strong> 57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!