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O que é mais gratificante: compor originais, sem nenhum ponto de<br />
partida que vos limite a criação, ou dar resposta a desafios como este da<br />
Casa da Música, com um tema a partir <strong>do</strong> qual terão de trabalhar?<br />
Nos <strong>do</strong>is casos o que fazemos é muito gratificante. Estes desafios estimulam a procura<br />
de novos caminhos, o que é francamente interessante. Mas o maior desafio é o imenso<br />
desejo de voltar à Casa da Música com uma música de raiz portuguesa. É muito bom<br />
pensar que vamos voltar com um projecto original a uma sala de espectáculos que<br />
elogia e desafia a música e, em última análise, os compositores e os intérpretes<br />
portugueses.<br />
Tem si<strong>do</strong>, portanto, gratificante dar resposta a estes desafios. Que<br />
imagem tem da Casa da Música?<br />
Sempre que vamos aí é fantástico! A Casa da Música acolhe-nos sempre com sincero<br />
respeito, profissionalismo e muita vontade de continuar a criar novos projectos. É uma<br />
casa de músicos e uma referência incontornável no panorama artístico/cultural<br />
europeu. Temos recebi<strong>do</strong> um feedback muito positivo sobre a Casa da Música em<br />
qualquer canto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> por onde temos toca<strong>do</strong>.<br />
Qual a maior dificuldade que se pode encontrar num trabalho destes, de<br />
homenagem a referências incontornáveis da música portuguesa?<br />
Sem dúvida, a responsabilidade de fazermos um bom concerto e, neste caso particular,<br />
de podermos divulgar da melhor maneira a grande Senhora que foi Amália.<br />
Aceitar homenagear Amália Rodrigues implica conhecimento <strong>do</strong> vasto<br />
repertório da cantora. Como a recordam?<br />
A Amália era uma senhora extraordinária, uma força da natureza, inesgotável de<br />
consideração e de comunicação com os outros. Ela ensinou-nos a ouvir cantar<br />
Portugal. Abriu muitos caminhos na nova música portuguesa e com ela aprendemos a<br />
essência da expressão, o respeito pelas palavras e pelo silêncio em música. Na sua voz<br />
ouve-se o respirar português. É um caso fora <strong>do</strong> comum de dignidade e presença<br />
artísticas.<br />
Seis anos volvi<strong>do</strong>s sobre a edição <strong>do</strong> primeiro disco, prevêem gravar um<br />
novo trabalho de originais a quatro mãos?<br />
Estamos a trabalhar nisso com o desejo de voltarmos com novo repertório e, nunca é<br />
demais dizê-lo, com maior liberdade de expressão.<br />
O que pode o público esperar <strong>do</strong> vosso concerto dia 25 de Julho?<br />
A nossa total entrega a este novo projecto, o nosso respeito e genuína admiração por<br />
Amália – ou tão genuína quanto a própria Amália. Será, com certeza, um concerto de<br />
enorme partilha com o público, um elogio à identidade da música portuguesa.<br />
*Responsável por muitos <strong>do</strong>s grandes sucessos de Amália Rodrigues. Depois de<br />
conhecer Alain Oulman, em 1962, assinalou-se uma viragem na carreira da fadista.<br />
Este compositor levou Amália Rodrigues a cantar poetas que até então não cabiam<br />
no fa<strong>do</strong> clássico. A compreensão entre ambos era tão intensa que Alain Oulman<br />
nunca deixou de escrever música para Amália.<br />
A Amália Rodrigues era uma senhora extraordinária, uma força da natureza,<br />
inesgotável de consideração e de comunicação com os outros. Ela ensinou-nos a<br />
ouvir cantar Portugal. Abriu muitos caminhos na nova música portuguesa e com ela<br />
aprendemos a essência da expressão, o respeito pelas palavras e pelo silêncio em<br />
música. Na sua voz ouve-se o respirar português. É um caso fora <strong>do</strong> comum de<br />
dignidade e presença artísticas – Bernar<strong>do</strong> Sassetti<br />
6/6/<strong>09</strong> 51