SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...
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A estas seguiam-se duas canoas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>ns, numa das quais ia o<br />
carpinteiro incumbido <strong>de</strong> preparar as amostras das ma<strong>de</strong>iras, e final¬<br />
mente mais quatro canoas eram <strong>de</strong>stinadas à caça e à pesca.<br />
Todas estas barcas eram tripuladas por indígenas e levavam,<br />
conforme a sua importancia, um ou dois soldados brancos.<br />
No dia 31 <strong>de</strong> Agosto ficava a Missão junto à povoação das Muras,<br />
a 4 <strong>de</strong> Setembro cbegou à barra do Rio Negro e três dias <strong>de</strong>pois à<br />
boca do Rio da Ma<strong>de</strong>ira. Já nesta altura da viagem começaram os<br />
expedicionários a sofrer as maiores contrarieda<strong>de</strong>s porque os indí¬<br />
genas tentaram fugir não só para se esquivar aos trabalhos que os<br />
esperavam mas, e principalmente, por temerem <strong>de</strong>frontar-se com os<br />
habitantes das regiões que iam atravessar.<br />
Das dificulda<strong>de</strong>s com que havia <strong>de</strong> lutar em tal viagem dá conta<br />
0 seguinte trecho <strong>de</strong> uma carta <strong>de</strong> Agostinho do Cabo a seu irmão:<br />
«eu mesmo não posso formar huma verda<strong>de</strong>ira idéa <strong>de</strong> quam<br />
penoza hó esta vida, lidando com huma gente différente da nossa<br />
linguagem (falando ainda mesmo dos índios domésticos), com os<br />
gentios nossos inimigos, por Rios tão solitários e <strong>de</strong>spovoados, não<br />
vendo mais que agua e matto ! »<br />
Em 3 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1788 o número dos índios estava já muito<br />
reduzido, quer pela <strong>de</strong>serção, quer pela doença. O terror que lhes<br />
inspiravam os índios Mondurucús, cuja ferocida<strong>de</strong> era <strong>de</strong>les bem<br />
conhecida, <strong>de</strong>terminou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> <strong>de</strong>serções. Ε esse<br />
terror subiu <strong>de</strong> ponto quando a 22 <strong>de</strong> Outubro, no Rio Aripuaná,<br />
encontraram um gran<strong>de</strong> bando <strong>de</strong> Muras que haviam sido <strong>de</strong>stroça¬<br />
dos pelos Mondurucús.<br />
Estes indígenas tinham por costume nunca perdoar aos vencidos,<br />
cujas cabeças <strong>de</strong>cepavam para as levar como trofeus. Os miolos<br />
misturados com urucií. formavam uma massa oleosa e fétida com que<br />
se untavam. Nunca os Mondurucús andavam sem esta repugnante<br />
substancia que traziam em pequenos cestos <strong>de</strong> palha (urú).<br />
Na sua correspondência Agostinho do Cabo atribui em gran<strong>de</strong><br />
parte a paz que os Muros haviam feito com os portugueses ao pavor<br />
que lhes causavam os Mondurucús.<br />
Estes factos contribuem para mostrar quanto era arriscada esta<br />
parte da Missão do Dr. Alexandre Ferreira.<br />
A 28 <strong>de</strong> Outubro cbegou a Missão à boca do Rio Mataurá e em<br />
1 <strong>de</strong> Novembro à do Rio Aianga-Tininga (Anhangá Tiny). Neste<br />
último rio parte dos índios tripulantes <strong>de</strong>sertaram.