13.07.2013 Views

SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...

SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...

SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Para celebrarem o triunfo da caça ou da pesca usavam máscaras<br />

a<strong>de</strong>quadas ao assunto.<br />

Se a caçada a festejar era a dos porcos, usavam máscaras repre¬<br />

sentando uma cabeça <strong>de</strong> porco, se se propunham solenizar uma pesca<br />

<strong>de</strong> peixe-boi realizada com sucesso, empregavam uma máscara com<br />

a cabeça <strong>de</strong>sse animal.<br />

Sobre o uso das máscaras escreveu o Dr. Alexandre, em Agosto<br />

<strong>de</strong> 1787, uma memória '(1).<br />

A par <strong>de</strong>stas dansas <strong>de</strong> maior ou menor valor artístico, outras<br />

havia, <strong>de</strong> requintada barbarida<strong>de</strong>.<br />

Estava neste caso a festa do Piracá em que se flagelavam com<br />

cordas ou tiras <strong>de</strong> couro <strong>de</strong> peixe-boi tendo' na extremida<strong>de</strong> ossos<br />

ou pedras (2). Chegavam a ficar esvaídos em sangue.<br />

Menciona o Dr. Alexandre os instrumentos marciais e festivos que<br />

usavam os gentios: trocanos, tamborinbos, trombetas, pores, mem-<br />

bys, gaitas feitas <strong>de</strong> ossos <strong>de</strong> animais e bicos <strong>de</strong> aves.<br />

Alem <strong>de</strong>stes instrumentos usavam carcaveis — enfiadas <strong>de</strong> semen¬<br />

tes — que colocados nos pulsos, nos joelhos e nas tabocas que lhes<br />

serviam <strong>de</strong> bengala, faziam um ruído ensur<strong>de</strong>cedor durante a dansa.<br />

Os trocanos eram zabumbas do gentio do Rio Negro (3) que se tan¬<br />

giam com dois maços <strong>de</strong> pau guarnecidos <strong>de</strong> resina <strong>de</strong> maçaranduba.<br />

Como e <strong>de</strong> uso entre selvagens, e quantas vezes entre brancos,<br />

as danças eram acompanhadas <strong>de</strong> copiosas libações e terminavam<br />

em estado <strong>de</strong> profunda embriaguez. A bebida predilecta era obtida<br />

da forma que Alexandre Ferreira <strong>de</strong>screve:<br />

Uns bolos achatados <strong>de</strong> mandioca (beijús) eram postos <strong>de</strong> infusão<br />

em água <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mastigados pelas velhas da tríbu. «A saliva<br />

excita nelles huma fermentação vigoroza, e <strong>de</strong>ntro em poucos dias,<br />

fica hum liquor <strong>de</strong> hum sabor e fartum forte, para a sua bebida. »<br />

As mulheres não só não eram admitidas a dançar mas corriam o.<br />

(1) Na secção antropológica do Museu <strong>de</strong> Hist. Nat. <strong>de</strong> Coimbra há algumas<br />

<strong>de</strong>stas máscaras com a nota seguinte: — Máscaras alvejadas e pintadas, feitas <strong>de</strong><br />

uma mistura do liber <strong>de</strong> Turari (Paulinia grandiflora St. Hil.) sobre uma armação<br />

<strong>de</strong> laminas <strong>de</strong> bambu. Estas máscaras são feitas e usadas pelos índios Tikunas, que<br />

habitam a província do Maranhão e a margem norte do rio Solimães, principalmente<br />

em Tamantis e o rio Cal<strong>de</strong>irão. Os Tikunas são a única tríbu da bacia hidrográfica<br />

do Amazonas que tem disfarces ou mascarados em suas festas.<br />

(2) Memória <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1786.<br />

(3) Da <strong>de</strong>scrição acompanhando o exemplar enviado, em 1806, para Coimbra.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!