SOCIEDADE BROTERIANA - Biblioteca Digital de Botânica ...
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Começa o Dr, Alexandre Ferreira por dizer que os Mandos foram<br />
os gentios dominantes na parte inferior do Rio Negro, ao passo que<br />
os Bares foram os que predominavam na parte superior.<br />
Os Manaos eram po<strong>de</strong>rosos e valentes.<br />
Antropófagos, como <strong>de</strong> resto todos os outros habitantes do Rio -<br />
Negro com excepção dos Uaupés, invadiam as al<strong>de</strong>ias dos outros<br />
índios e faziam prisioneiros que iam <strong>de</strong>pois ven<strong>de</strong>r aos holan<strong>de</strong>ses.<br />
Tinham dois <strong>de</strong>uses: Manari, o Deus do Bem, e Sarauá o Deus<br />
do Mal. Com excepção das raças Uerequenas e Uaupés nenhum<br />
dos outros índios do Rio Negro. provocava <strong>de</strong>formações. Todos<br />
usavam arco e ftecba, lanças envenenadas e paus semelhantes aos<br />
Cuidarás e Tamaranas.<br />
Sem dúvida um facto, a- que o Dr. Alexandre alu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>via difi¬<br />
cultar enormemente a tarefa <strong>de</strong> quem quer que preten<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>slindar<br />
os caracteres dos indígenas. As povoações eram constituídas por<br />
uma mistura <strong>de</strong> várias raças que, atraídas ao povoado, vinham <strong>de</strong><br />
diferentes pontos do sertão e que mantinham não só os seus idiomas<br />
próprios mas ainda os seus costumes originais. Cada povoação,<br />
cada al<strong>de</strong>ia, era pois uma Babel em miniatura e que, se constituía<br />
gran<strong>de</strong> interesse pela diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> línguas e costumes, tornava<br />
tarefa colossal para aquele tempo apurar o que a cada raça era pri¬<br />
vativo.<br />
Sobre as suas superstições diz o Dr 1<br />
. Alexandre que a principal é<br />
crerem que há <strong>de</strong>uses autores dos males que afligem a espécie hu¬<br />
mana, <strong>de</strong>uses que eles representavam sob horrendas formas — o que<br />
<strong>de</strong>terminava um culto ten<strong>de</strong>nte a aplacar as suas iras. Criam que<br />
os seus <strong>de</strong>uses tinham forma humana, mas que são <strong>de</strong> essência supe¬<br />
rior ao homem. Não existia uma forma <strong>de</strong> culto público 1<br />
, não tinham<br />
templos, nem sacerdotes.<br />
Eram os seus Feiticeiros — os seus pagés — que acumulavam as<br />
funções <strong>de</strong> sacerdotes, <strong>de</strong> médicos, <strong>de</strong> .filósofos e estadistas <strong>de</strong> cada<br />
tríbu. Uma tal acumulação <strong>de</strong> funções dotava-os <strong>de</strong> tal prestígio<br />
que eram cegamente obe<strong>de</strong>cidos.<br />
A antropofagia, geral entre as várias raças, era ainda praticada<br />
pelos Uezequenas nos fins do século xvin. Alguns como os Ingaibas,<br />
Tapixavas e Mamaganas, quando em guerra, mordiam os cadáveres<br />
do inimigo, serviam-se para festejar a vitória <strong>de</strong> gaitas feitas com<br />
as tíbias dos vencidos e bebiam por craneos serrados.<br />
Fora da guerra não praticavam essas barbarida<strong>de</strong>s e só os Ueze-