Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Er<strong>em</strong>itismo</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 95<br />
III – Depois destas questões prévias, list<strong>em</strong>os, cronologicamente, os<br />
casos de er<strong>em</strong>itas de orientação a<strong>na</strong>corética que pud<strong>em</strong>os ir registando, <strong>em</strong><br />
<strong>Portugal</strong>, entre a segunda década do século XV e as primeiras décadas de<br />
Setecentos. Não elencamos, porém, aqueles que o foram <strong>em</strong> congregações<br />
religiosas de vocação er<strong>em</strong>ítica (os da Serra de Ossa, por ex<strong>em</strong>plo), mas,<br />
obviamente, tiv<strong>em</strong>os <strong>em</strong> consideração aqueles que depois de uma experiência<br />
er<strong>em</strong>ítica própria passaram a essas congregações ou a outras ordens religiosas 59 .<br />
C.1419 -1456 – Fr. Álvaro de Castro, O. SS. T., «illustrissimo por<br />
sangues, herdado de paes, e avos», «conhecendo então o servo de Deos o<br />
barathro que traz consigo a privança do século, germa<strong>na</strong>da quasi s<strong>em</strong>pre de<br />
infortunios, e sucessos adversos, <strong>em</strong>ulando a solitaria vivenda Meldelse de seus<br />
sanctos Patriarchas, se retirou à frigida serra de Cintra, onde desnudado de todo<br />
o t<strong>em</strong>poral, e terreno (baixos <strong>em</strong> que muitos cont<strong>em</strong>plativos perigão) se não<br />
acordou jamais da Corte, parentes, e amigos, tendo isto por mui prohibido, e<br />
vedado, a qu<strong>em</strong> com veras se dedica à vida solitaria, e cont<strong>em</strong>plativa, <strong>em</strong> que<br />
persistiu 37 annos, com estr<strong>em</strong>ado ex<strong>em</strong>plo de penitencia, silencio e<br />
clausura...».<br />
†1456<br />
J. Cardoso, Agiologio Lusitano, II, 468- 469, 478<br />
1426 – Fernão Gonçalves, Afonso Anes e Pedro Anes, morando in loco<br />
montaneo, deserto et solitario, dicto Azanbujaria, in termino dicto dAvis<br />
Eborensis diocesis... , vitam her<strong>em</strong>iticam et solitariam gerendo, de fidelibus<br />
Christi eid<strong>em</strong> pie providentibus el<strong>em</strong>osinis pauperrime vivendo... suplicam, para<br />
si e para futuros sucessores, a Marinho V a permissão de ter<strong>em</strong> altar e sino e que<br />
das terras aliquas prope dictum oratorium existentes ad eorumd<strong>em</strong><br />
sutentation<strong>em</strong> propriis manibus coluerint, arboresque in eisd<strong>em</strong> inciderint<br />
sejam os frutos dispensados de pagar décimas...<br />
Monumenta <strong>Portugal</strong>iae Vatica<strong>na</strong>, Suplicas, IV, nº 987<br />
59 N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre, contudo, é fácil de decidir as situações. Por ex<strong>em</strong>plo, aquele Gonçalo Vasques,<br />
capelão do Infante-Santo Fer<strong>na</strong>ndo, que, como diz o príncipe no seu testamento <strong>em</strong> 18.8.1437, se fez<br />
er<strong>em</strong>ita <strong>na</strong> Serra de Ossa («que está <strong>na</strong> serra dossa») – a qu<strong>em</strong> deixou vitaliciamente o uso do seu<br />
ex<strong>em</strong>plar dos Morais de S. Gregório que, por sua morte, deveria ser entregue ao rei – que relação<br />
mantinha com os «[Monges] Pobres de Jesus Cristo da pobre vida», <strong>em</strong> 1578, reconhecidos, por<br />
Gregório XIII, como «Congregação dos er<strong>em</strong>itas de S. Paulo»: terá pertencido à sua organização<br />
cenobítica ou, como outros, aí foi er<strong>em</strong>ita a título pessoal? Dadas as dúvidas – muitas ordens<br />
religiosas revindicaram alguns desses er<strong>em</strong>itas que Fr. Manuel de S. Caetano Damasio, por seu<br />
turno, revindica para a sua Thebaida Portugueza... – excluímos este e outros casos s<strong>em</strong>elhantes.<br />
Para o Testamento do Infante D. Fer<strong>na</strong>ndo, pode ver-se o «Apêndice de Documentos» publicado por<br />
A. Brancamp Freire <strong>na</strong> sua edição da Crónica de D. João I, Lisboa, 1973, LII