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Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

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<strong>Er<strong>em</strong>itismo</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 87<br />

<strong>em</strong> algumas obras hagiográficas e <strong>em</strong> algum repertório bibliográfico – a<br />

variedade das fontes pode documentar também o papel da Fortu<strong>na</strong> neste tipo de<br />

pesquisa... – tentar<strong>em</strong>os apresentar, cronologicamente, os casos que, até hoje,<br />

nos foi possível conhecer de er<strong>em</strong>itas – portugueses ou não – <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> – ou<br />

que por cá passaram – e de algum que outro que de <strong>Portugal</strong> se foi fixar <strong>em</strong><br />

terras estranhas. Algum dia, porém, evident<strong>em</strong>ente, será necessário percorrer os<br />

arquivos à procura de doações de reis e senhores..., licenças de ordinários e de<br />

outros prelados..., contratos..., etc. que, directa ou indirectamente, envolvam<br />

gente er<strong>em</strong>ítica – que permitam ir mais longe. De todos os modos, se o primeiro<br />

tipo de documentação – as «súplicas» – é mais «positiva» e «legal» e pode<br />

fornecer dados muito interessantes e precisos sobre modos concretos de vida<br />

er<strong>em</strong>ítica e suas dificuldades, o segundo, mesmo representando ape<strong>na</strong>s a<br />

selecção que os seus autores puderam ou ape<strong>na</strong>s quiseram oferecer, t<strong>em</strong> a<br />

vantag<strong>em</strong> de, <strong>na</strong> sua dispositio <strong>na</strong>rrativa, permitir, de certa maneira, aceder à<br />

visão – quase s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong>oldurada pelas tradições dos Padres do Deserto e por<br />

uma distância histórica e/ou geográfica reforçadas, umas e outras, muitas vezes,<br />

por sucessivas sínteses das próprias fontes – que desse tipo de vida se faziam os<br />

seus autores. De todos os modos também, esse tipo de fontes pode permitir<br />

estabelecer uma relação com alguma literatura – do roteiro de viag<strong>em</strong> à<br />

literatura tout court, passando pela hagiografia e pela espiritualidade – que, mais<br />

ou menos directamente, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> ou <strong>na</strong> Península Ibérica da segunda metade<br />

do século XVI <strong>em</strong> diante, ofereceu uma visão «positiva» do er<strong>em</strong>ita ou da vida<br />

er<strong>em</strong>ítica, isto é, os encarou e valorizou como uma realidade viva e perene da<br />

vida cont<strong>em</strong>plativa que o seu t<strong>em</strong>po pretendia continuar e renovar. E isto,<br />

talvez, <strong>em</strong> contraste ou <strong>em</strong> compl<strong>em</strong>ento – e não por contraste ou por<br />

compl<strong>em</strong>ento – com outras obras que acentuam – é, ao que nos parece, uma<br />

questão de acentuação – os solitários não organizados <strong>em</strong> ord<strong>em</strong> religiosa como<br />

os seguidores de um género de vida cont<strong>em</strong>plativa <strong>em</strong> decadência e <strong>em</strong><br />

desaparecimento quando não já desvirtuado nos seus meios e fins e, por isso<br />

mesmo, alvo de críticas e ironias, perspectivas que têm, como se sabe, bons<br />

antecedentes que durante muito t<strong>em</strong>po se classificavam, s<strong>em</strong> mais, de<br />

erasmianos. Os inquisidores que s<strong>em</strong>pre buscavam as coisas um pouco mais<br />

longe e mais dramaticamente não duvidavam de que também eram luteranos.<br />

Ou soantes – «mal soantes», claro – a posições afins. O que, como b<strong>em</strong> se sabe,<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre eram. É essa literatura que dos er<strong>em</strong>itas apresenta uma visão<br />

«positiva» um tipo de fonte que pode convir considerar – e explorar mais<br />

sist<strong>em</strong>aticamente – quando se pretende tentar perceber, integralmente, o lugar<br />

aos meses Julho e Agosto, ficando assim a obra falta dos meses de Set<strong>em</strong>bro a Dez<strong>em</strong>bro. As quatro<br />

partes desta mag<strong>na</strong> obra foram recent<strong>em</strong>ente reimpressas <strong>em</strong> edição fac-similada (Porto, 2002),<br />

acompanhadas de um volume (V) com precioso estudo introdutório e magníficos índices de Maria<br />

de Lurdes Correia Fer<strong>na</strong>ndes.

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