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Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

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<strong>Er<strong>em</strong>itismo</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 105<br />

C. 1700 - 1715 – Padre Luis de S. José, clérigo secular, depois de ter<br />

sido companheiro dos Clérigos da Tumi<strong>na</strong>, junto da fronteira, recolheu-se à<br />

ermida de Nossa Senhora de Palhais, junto ao castelo de Noudar. Mais tarde,<br />

«persuadido de hum amigo, que com espirito ferveroso, mas não persistente,<br />

teve modo de convencer o Velho, a que fosse com elle para a Serra de Ossa,<br />

para alli viver<strong>em</strong> <strong>em</strong> companhia de certos er<strong>em</strong>itas, e que de os bens que<br />

possuião, dotarião hum convento, onde ambos acabass<strong>em</strong> a vida. Forão para o<br />

tal lugar, acharão dous er<strong>em</strong>itoens que civil, e santamente os recolherão: por<strong>em</strong><br />

o companheiro durou pouco, porque <strong>em</strong> breve t<strong>em</strong>po se ausentou. Permaneceo o<br />

Padre Luiz de S. Joseph <strong>na</strong>quelle asprero sitio, e vendo-se velho com achaques,<br />

e incomodado no rigor do Inverno, sendo-lhe necessario passar hum ribeiro para<br />

dizer missa, mudou de sitio para a Ermida de S. Pedro do Paraiso, meya legoa<br />

distante de Villa-Viçosa...», vindo a falecer no convento dos capuchos dessa<br />

vila.<br />

† 1715<br />

J. Cardoso / A. C. Sousa, Agiologio Lusitano, IV, 698-699, 702 77<br />

C. 1710 – João, o «Caldeireiro», por ter sido esta a sua profissão,<br />

antigo soldado das Guerras da Sucessão, vivia como solitário desde, pelo<br />

menos, 1710, numas covas da serra de Monfurado (Mont<strong>em</strong>or-o-Novo), tendo<br />

por companheiro um Manuel Pecador. Manuel, sob pretexto de doença, comia<br />

carne e João, pouco depois, passou a dar «liçoens de ler e escrever a diversos<br />

meninos, e à volta destes entraram também as meni<strong>na</strong>s, algumas de idade mais<br />

crescida» e viu-se obrigado a casar. Ambos, <strong>na</strong>turalmente, acabaram por<br />

abando<strong>na</strong>r o ermo.<br />

Anónimo, Vida Baltasar da Encar<strong>na</strong>ção, 9r-19v 78 .<br />

1713-1760 – Baltasar da Encar<strong>na</strong>ção, <strong>na</strong>scido <strong>em</strong> Serpa <strong>em</strong> 1683,<br />

depois de vida aventurosa, veio, sob a orientação dos oratorianos, a fazer vida<br />

er<strong>em</strong>ítica <strong>na</strong>s covas de Monfurado – a uma légua de Mont<strong>em</strong>or-o-Novo –, onde<br />

foi companheiro de um João, o «Caldeireiro», antigo soldado das Guerras da<br />

Sucessão, que aí vivia desde 1710, e de um Manuel Pecador, cujos estilos de<br />

vida não eram do agrado do rigoroso Baltasar da Encar<strong>na</strong>ção – Manuel Pecador<br />

comia carne sob pretexto de doença, passou a dar «liçoens de ler e escrever a<br />

diversos meninos, e à volta destes entraram também as meni<strong>na</strong>s, algumas de<br />

77 A data a quo proposta resulta de alguns dados oferecidos por D. António Caetano de Sousa <strong>na</strong> sua<br />

continuação do Agiológio Lusitano...(IV, Lisboa, Regia Offici<strong>na</strong> Sylvia<strong>na</strong>, 1744) ocorridos entre<br />

1695 e 1706, ano este último da morte de Pedro II.<br />

78 ANÓNIMO, Cronica dos monges descalços de São Paulo, Primeiro er<strong>em</strong>ita, Biblioteca Pública<br />

Municipal do Porto, Ms. FA, 73, 3r-15v. Este pulcro e magificamente b<strong>em</strong> conservado ms. dos<br />

começos do século XIX b<strong>em</strong> merecia uma edição e estudo.

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