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Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

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<strong>Er<strong>em</strong>itismo</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 129<br />

recolher-se à vida solitária 202 onde confia que, dada a sua idade, Deus lhe «dara<br />

fuerças para que debaxo de su amparo haga la penitençia que pudiere, que<br />

siendo verdadera, com ella se contenta Dios» 203 . O lugar escolhido é, como já<br />

aludimos, um ermo – «peña», «caver<strong>na</strong>» – <strong>na</strong> serra de Tyrses (ou Tyrces) que,<br />

apesar de estar situado num sítio <strong>em</strong> que não há mais que «asperas pen<strong>na</strong>s, y<br />

duras ensi<strong>na</strong>s», também não está tão longe n<strong>em</strong> tão i<strong>na</strong>cessível que impeça que<br />

aí acorram muitos atraídos pela sua fama de médico 204 – só pela sua fama de<br />

médico? 205 – e não lhe permita passear-se «u<strong>na</strong>s veses por el llano, otras por lo<br />

fragoso, quando por la ribera del rio, o por entre las asperas pen<strong>na</strong>s. Otras por el<br />

bosque, por entre robles, enzi<strong>na</strong>s, olmos y otras variedades de arboles. Otras por<br />

las altas y sombrias alamedas, huertas, rosales, y varias flores» 206 , justificando<br />

estas últimas que, como vimos, junto da sua ermida tenha podido pôr umas<br />

colmeias... O que importa destacar é que o «lugar acomodado para el solitario»<br />

são «los despoblados, lugares frescos, deleytosos, verdes, viçiosos de espesuras,<br />

arboledas, y variedad de plantas, y serca de aguas corrientes, debaxo de altas<br />

montañas, y grandes rocas, o peñas, adonde no falte el ayre que menee los<br />

frescos ramos, quando de sus suaves y frescas sombras aprovecharnos<br />

quisier<strong>em</strong>os, y a donde hall<strong>em</strong>os abligo quando neçessidad lo pidiere» 207 .<br />

Embora se possa notar a sua vontade de equíbrio <strong>em</strong> nome da t<strong>em</strong>perança – uma<br />

virtude a que dá grande relevo –, tudo conjugado, parece prevalecer para este<br />

er<strong>em</strong>ita a preferência, apoiada até por uma interpretação fantasista de um<br />

ex<strong>em</strong>plo de Santo Agostinho no De Doctri<strong>na</strong> Christia<strong>na</strong> 208 , pelo locus amoenus<br />

202<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 84v-85r.<br />

203<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, pro de la vida solitaria, ed. cit., 47v.<br />

204<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 22r, 24v, 43v, 89r,<br />

97r.<br />

205<br />

É a interpretação mais literal das diversas referências aos muitos que a pé ou a cavalo o íam<br />

visitar, mas seria possível ver nessas visitas uma manifestação da curiosidade e devoção – além da<br />

necessidade dos enfermos – que, muitas vezes, rodeava a figura dos er<strong>em</strong>itas. À volta de um<br />

Gregorio López manifestar-se-á também este odor de multidão e de conselho, pois, como diz<br />

Francisco LOSA, Vida del siervo de Dios Gregorio Lopez, ed. cit., 28: «Y assi estos ultimos años<br />

era más frequent<strong>em</strong>ente visitado, no solamente de gente comum, pero mucho mas de Religiosos y<br />

Eclesiasticos, y hombres de muchas letras, y autoridad. Tambien acudian à el muchos Cavalleros, y<br />

Señores principales, u<strong>na</strong>s vezes en perso<strong>na</strong>, otras por sus cartas, dandole parte de sus negocios, y<br />

pidiendole consejo, y oraciones para acertar en ellos».<br />

206<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 97v.<br />

207<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 74v-75r.<br />

208<br />

Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 74v: «Y si para esto [a<br />

meditação no que diz respeito ao governo público] es tanto a proposito?, quanto más acomodado<br />

sera para la cont<strong>em</strong>placion de las cosas divi<strong>na</strong>s, lo qual sintio bien aquel Sancto Martir Cipriano,<br />

como lo refiere Sancto Augustin [ao lado: S. Cipriano. S. Augustin lib. de doctri<strong>na</strong> christa<strong>na</strong>],<br />

pintando nos el lugar mas próprio, y conveniente que para la execucion de tal vida se há de escoger,<br />

los quales nos muestran, que para s<strong>em</strong>ejantes exercicios se habite [...] en los despoblados, lugares<br />

frescos...» etc., interpretação que convém confontar com o texto de SAN AUGUSTÍN, De Doctri<strong>na</strong>

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