19.07.2013 Views

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

112 José Adriano de Freitas Carvalho<br />

cenobíticos. E se esta reivindicação de test<strong>em</strong>unho nos levou a não exluir<br />

alguma obra que, mesmo que não seja – n<strong>em</strong> deva ser – considerada de<br />

espiritualidade, contenha referências importantes à vida er<strong>em</strong>ítica, a sua<br />

inserção no quadro cronológico que fixamos – cerca de 1546 até 1620 – poderá<br />

ser, cr<strong>em</strong>os, um bom índice da pertinência e de alguma sist<strong>em</strong>aticidade que<br />

organiza essa peque<strong>na</strong> e muito incompleta lista «bibliográfica» 97 .<br />

V – Gaspar Barreiros (†1574), um humanista que, sendo cónego de<br />

Viseu e Évora, <strong>em</strong> Julho de 1546, indo a caminho de Roma, visitou Monserrat<br />

registando <strong>na</strong> sua Chorographia (Coimbra. João Álvares, 1561) algumas<br />

impressões sobre o lugar, o estilo de vida dos seus er<strong>em</strong>itas e algumas figuras<br />

que habitavam as doze ermidas que cobriam a serra. E se se sentiu surpreendido<br />

e maravilhado com o jogo e disposição orográficos que, como uma «fortaleza»<br />

com o seu «comprido lanço de muralha», envolviam o mosteiro 98 , o franciscano<br />

observante que, desde 1562, ele também foi 99 , sentiu-se igualmente interessado<br />

não só pelo movimento ascencio<strong>na</strong>l e simbólico da disposição das doze ermidas<br />

– da de S. Dimas, mais perto do mosteiro à de S. Jerónimo, a mais afastada e<br />

«no mais alto da serra» 100 , «saborosa habitaçam [de] <strong>homens</strong> que t<strong>em</strong><br />

97 Para não alongar repetitivamente doutri<strong>na</strong>s e ex<strong>em</strong>plos, omitimos, apesar do seu interesse e a<br />

importância do seu autor, Diego PÉREZ DE VALDIVIA, Documentos particulares para la vida<br />

her<strong>em</strong>itica, entre los quales hay muchas doctri<strong>na</strong>s que para todo estado de hombres cristianos son<br />

utiles, colegidos de los santos y de experiencias, Barcelo<strong>na</strong>, Pedro Malo, 1588; não foi possível<br />

localizar <strong>na</strong>s grandes bibliotecas de Lisboa, Madrid, Roma e Florença um ex<strong>em</strong>plar de Antonio<br />

DAZA, Vida espiritual para ermitaños, Zaragoza, 1611; <strong>na</strong> Biblioteca Vatica<strong>na</strong> ape<strong>na</strong>s pod<strong>em</strong>os<br />

encontrar do mesmo autor não os Exercicios espirituales para los que viven la vida solitaria, Roma,<br />

1616, mas, sim, os Essercitii spirituali delli romitori instituti dal P. S. Francesco dichiarati dal P.<br />

Fr. Antonio Daza tradotti dalla lingua spagnuola nell’italia<strong>na</strong> dal Padre Fr. Luigi di Roma , Roma,<br />

Herede di Bartolomeo Zannetti, 1626.<br />

98 Gaspar BARREIROS, Chorographia..., ed. cit., 107r: «... esta [montanha] de Monserat precede<br />

tanto <strong>em</strong> altura todalas outras, allevantadose tanto sobre ellas, que faz mostra e feiçam de hüa<br />

fortaleza muito crespa de torres e curucheos posta <strong>em</strong> algüa serra. Porque ó compasso que estes<br />

penedos antre si t<strong>em</strong> e à ord<strong>em</strong> de seu assento ê tal, que parec<strong>em</strong> ser<strong>em</strong> fabricados pella <strong>na</strong>tureza de<br />

proposito, para espanto e admiraçam dos <strong>homens</strong>»; id. 107v: «os quaes penedos e rochas, hüas vezes<br />

vão fazendo hum comprido lanço de muralha, com tanta ord<strong>em</strong> que parece muro e barbacaã, por hüs<br />

star<strong>em</strong> acima dos outros, e as rochas <strong>na</strong>m ser<strong>em</strong> iguaes, que faz<strong>em</strong> mostra de hüas de ameas, outras<br />

de torres, e algüas de baluartes, e cubellos».<br />

99 José Adriano de Freitas CARVALHO, «As Crónicas da Ord<strong>em</strong> dos Frades Menores de Fr.<br />

Marcos de Lisboa ou a história de um triunfo anunciado», in AA.VV., Quando os frades faziam<br />

história. De Marcos de Lisboa a Simão de Vasconcelos, Porto, 2001, 9-81 (15-16).<br />

100 Gaspar BARREIROS, Chorographia..., ed. cit., 117v: «algüas stam postas no meo das [...]<br />

rochas, como ninhos de Andorinhas, pegados no meo de hüa alta torre, porque assi parec<strong>em</strong> aos que<br />

de fora as v<strong>em</strong> [...] E as ermidas stã pendoradas no âr, pegadas âquelles grandes penedos á força de<br />

artificio, para onde sob<strong>em</strong> por ingr<strong>em</strong>es scadas feitas <strong>na</strong> dicta rocha <strong>em</strong> algüas partes de pedra, e <strong>em</strong><br />

outras de madeira, e onde <strong>na</strong>m couberam scadas fezeram pontes...».

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!