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estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

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O <strong>monólogo</strong> dramático Effis Nacht 106<br />

significa<strong>do</strong>, mas omissão <strong>de</strong>liberada por respeito humano. A economia estética <strong>do</strong><br />

escritor e o facto da sua personagem se <strong>de</strong>mitir <strong>de</strong> tomar uma posição são as razões<br />

apontadas e que explicam, segun<strong>do</strong> ela, o corte inespera<strong>do</strong> no diálogo entre os pais <strong>de</strong><br />

Effi e o silêncio <strong>do</strong> senhor Briest. Fontane po<strong>de</strong>ria ter i<strong>do</strong>, porventura, mais longe neste<br />

momento privilegia<strong>do</strong> <strong>de</strong> comunicação com o leitor, mas seria <strong>de</strong>masia<strong>do</strong>. O apelo<br />

radical da nova protagonista, expressa<strong>do</strong> em "Sinngebung" (EN, 87), ultrapassa a<br />

dimensão textual <strong>do</strong> romance e o que ele po<strong>de</strong> semanticamente oferecer. Afinal, há<br />

respostas que nem a vida po<strong>de</strong> dar, como tão bem conclui Else: »Die, nein, kann uns das<br />

Leben nicht auch noch geben« (EN, 87). E se já no início <strong>do</strong> <strong>monólogo</strong> Else consi<strong>de</strong>ra<br />

apaziguante a recusa <strong>de</strong> dar um senti<strong>do</strong> último à vida: »Schõn, beruhigend, hilfreich<br />

auch ais Ausre<strong>de</strong>« (EN, 24), em citação, as palavras <strong>do</strong> velho Briest são, no enten<strong>de</strong>r da<br />

protagonista, inteligentes e contidas na sua <strong>de</strong>núncia moral. Else segue o exemplo da<br />

figura fontaniana, reveste-se <strong>de</strong> coragem moral, está disposta a falar sobre os rostos e os<br />

culpa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma guerra sempre omnipresente no <strong>monólogo</strong>.<br />

Nos passos finais <strong>do</strong> <strong>monólogo</strong> ecoam <strong>de</strong> novo as últimas palavras <strong>do</strong> romance<br />

fontaniano, as que o velho Briest proferiu: »Ach, Luise, lafi... das ist ein zu weites<br />

Feld« (EB, 337), numa citação transformada pelo discurso: »Wenn nicht, ach - laB das<br />

jetzt: Dieses Kaputtgemachtwer<strong>de</strong>n <strong>do</strong>ck die Verwandlung ist in eine an<strong>de</strong>re<br />

Existenzform« (EN, 92). São exteriorizações em tom <strong>de</strong> resignação, revela<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> uma<br />

impotência natural face a um rumo <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> da existência, a um <strong>de</strong>vir não<br />

programa<strong>do</strong> das coisas, revela<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> um enorme respeito pelos mistérios insondáveis<br />

da vida e da morte, mas são também palavras <strong>de</strong> esperança, na dúvida quase certeza, <strong>de</strong><br />

uma vida que se prolonga para lá da morte dan<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> à existência humana:<br />

»Nichts, was <strong>de</strong>r Mensch weip - da(3 er so vieles nicht weip: lá|3t hoffen! Fortsein ist -<br />

wer weip! - vermutlich auch ein Sein. Nicht - nichts« (EN, 93). As reflexões prolongam<br />

o pesar <strong>de</strong> Else von Ar<strong>de</strong>nne pela morte <strong>do</strong> jovem solda<strong>do</strong>, pelas marcas profundas <strong>de</strong><br />

um tempo que não se po<strong>de</strong>m apagar. Não surpreen<strong>de</strong>, pois, que haja uma pequena<br />

intervenção da rubrica cénica para completar o raciocínio <strong>de</strong> Else, com a evocação <strong>do</strong>s<br />

pais <strong>do</strong> solda<strong>do</strong>, em paralelismo com a cena final <strong>de</strong> >Effi Briest< e o diálogo resigna<strong>do</strong><br />

entre os pais <strong>de</strong> Effi:

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