27.12.2013 Views

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A dramaturgia <strong>de</strong> Hochhuth 28<br />

classificação, os <strong>monólogo</strong>s não accionais distinguem-se <strong>do</strong>s accionais por não se<br />

verificar neles uma alteração na situação, embora permitam o seu <strong>de</strong>senrolar (cf. Pfister,<br />

2001: 191). Os <strong>monólogo</strong>s não accionais repartem-se ainda em duas subcategorias: os<br />

<strong>monólogo</strong>s informativos e os <strong>monólogo</strong>s comenta<strong>do</strong>res. Os primeiros revelam ao<br />

especta<strong>do</strong>r novida<strong>de</strong>s da acção dramática, pormenores da<strong>do</strong>s a conhecer pela primeira<br />

vez, enquanto que nos <strong>monólogo</strong>s <strong>de</strong> tipo comentativo, são comentadas circunstâncias<br />

já conhecidas <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r. Estes são, todavia, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>monólogo</strong>s que em<br />

concreto, e tal como atrás se notou para os <strong>monólogo</strong>s convencionais e os <strong>monólogo</strong>s<br />

motiva<strong>do</strong>s, se manifestam em conjunto numa relação <strong>de</strong> maior ou menor grau <strong>de</strong><br />

contaminação (cf. Pfister, 2001: 191). >Effis Nacht< po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>finir-se, assim, como um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>monólogo</strong> não accionai em que se conjugam elementos informativos e<br />

comenta<strong>do</strong>res. No <strong>monólogo</strong> articula-se o propósito informativo, Else transmite<br />

pormenores biográficos por certo <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> leitor, com as correcções que a<br />

protagonista sente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer das i<strong>de</strong>ias sobre a sua vida que consi<strong>de</strong>ra<br />

erradas e que nomeadamente Fontane difundiu - lembrem-se os traços caracteriológicos<br />

<strong>do</strong> mari<strong>do</strong> e <strong>do</strong> amante e os pormenores sobre a morte <strong>de</strong>ste (cf. infra, 75 s.). De facto,<br />

com o longo discurso <strong>de</strong> Else, não há <strong>de</strong>cisões a tomar que impliquem uma alteração<br />

situacional, Else ocupa-se quase só com o pensamento, a sua principal distracção:<br />

Endlich schlãft er - noch nicht zum letztenmal, obgleich er heute - bis jetzt -<br />

ganz ohne Angst war. Schrecklich, daB ich die Nachrichten... die englischen,<br />

ganz unbesorgt hõren darf, weil ja <strong>de</strong>r arme Junge nicht mehr <strong>de</strong>nunzieren<br />

kõnnte, daB ich <strong>de</strong>n -Sen<strong>de</strong>r hõre, heute hier in diesem frem<strong>de</strong>n<br />

Hause... (EN, 10).<br />

A peça está essencialmente <strong>de</strong>terminada pela vigília <strong>do</strong> jovem solda<strong>do</strong> moribun<strong>do</strong>,<br />

numa noite, condicionada pelo avançar <strong>do</strong>s bombar<strong>de</strong>amentos sobre Lindau, em que a<br />

velha Else reflecte sobre a sua vida.<br />

Estabelecida esta primeira tentativa classificativa <strong>do</strong> momento dramático, refírase,<br />

como <strong>de</strong>terminante <strong>do</strong> texto, o seu forte cariz epicizante 3 . Seguin<strong>do</strong> a tendência <strong>do</strong><br />

dialéctica: <strong>de</strong> alma e corpo, coração e razão, <strong>de</strong>ver e inclinação, <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alma anteriores e actuais, ou outras<br />

direcções semânticas mais radicais (cf. 1967, apud Pfister, 2001: 182).<br />

Segun<strong>do</strong> Aguiar e Silva, a progressiva epicização <strong>do</strong> texto dramático, verificada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a segunda meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século<br />

XIX, caracteriza-se pela relevância funcional em alguns textos dramáticos <strong>do</strong> narra<strong>do</strong>r-comenta<strong>do</strong>r que apresenta,<br />

explica e critica a fábula e as personagens (cf. Aguiar e Silva, 1997: 605).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!