estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

A dramaturgia de Hochhuth
43
Der monologue intérieur, die Weltlosigkeit der neuen Kunst, iiber die Lukács
sich entrustet, ist beides, Wahrheit und Schein der losgelòsten Subjektivitàt.
Wahrheit, weil in der allerorten atomistischen Weltverfassung die
Entfremdung iiber den Menschen waltet und weil sie - wie man Lukács
konzedieren mag - daruber zu Schatten werden. Schein aber ist das losgelõste
Subjekt, weil objektiv die gesellschaftliche Totalitàt dem Einzelnen
vorgeordnet ist und durch die Entfremdung hindurch, den Gesellschaftlichen
Widerspruch, zusammengeschlossen wird und sich reproduziert (NzL, 262). 22
Esta discussão de índole estético-fílosófíca seria renovada por Hochhuth, que, por sua
vez, toma o partido de Lukács, escrevendo um artigo para a revista >Theater heute<
denominado >Das Absurde in der Geschichte< (1963), onde reacende a polémica com
Adorno no círculo da crítica literária. Os argumentos apresentados por Hochhuth nesse
artigo são alargados a uma segunda publicação em 1965, por ocasião da comemoração
dos oitenta anos de Lukács, e dão conta de uma necessidade urgente em salvar as
características individuais e subjectivas de cada homem face a uma iminente submersão
em valores colectivos uniformizados e anónimos, como o título elucidativo do ensaio
>Die Rettung des Menschen< (1965) sugere 23 : »Uniformen haben am Hals ihre Grenze.
Gesichter erscheinen nur dem unterschiedlos, der sie so oberfláchlich betrachtet wie
reisende Europáer die Asiaten, die scheinbar alie gleich aussehen« (//, 320). Lukács e
Hochhuth estão, pois, conscientes das dificuldades que as suas orientações estéticas
enfrentam, já que, como sugere Bekes, face a um mundo cada vez mais desumano,
confrontado com a coacção de instituições anónimas, a possibilidade de desenvolver
experiências humanas concretas e do foro individual parece ser cada vez mais estreita
(cf. Bekes, 1978: 13). Na carta aberta dirigida a Hochhuth (1967), Adorno argumenta:
»Keine traditionalistische Dramaturgie vom Hauptakteuren leistet es mehr. Die
Absurditãt des Realen drángt auf eine Form, welche die realistische Fassade zerschlãgt«
{NzL: 595). Aí reside, segundo a posição contrária de Adorno, o paradoxo de uma
dramaturgia que, ao acreditar no papel insubstituível do Homem, na liberdade total do
sujeito, na preservação da individualidade, peca por ser tradicionalista, descrente e
autista face aos comportamentos sociais, face ao absurdo do real, tal como a História o
testemunha diariamente (cf. ibidem: 595-596). Numa análise breve da sociedade
22 Erprefite Versõhmmg, 1958. In: Theodor Adorno, Noten zur Literatur, 1981 [ 1961 ], p.262. Será utilizada a sigla
NzL para o conjunto ensaístico de Adorno, >Nolen zur Literatura.
23 Posteriormente compilado em 1971 com o título igualmente sugestivo: Soil das Theater die heutige Welt
darstellen? Antworten aufFragen der Zeitschrift >Theater heute