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estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

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O <strong>monólogo</strong> dramático D D Effis Nacht 88<br />

blemas que elas reflectem em socieda<strong>de</strong>. Não são os pormenores da história pessoal <strong>de</strong><br />

Else von Ar<strong>de</strong>nne que interessam ao romancista, como Fontane explica numa carta dirigida<br />

a Friedrich Stephany no ano <strong>de</strong> 1894:<br />

Die Details sind mir ganz gleichgiiltig - Liebesgeschichten, in ihrer schau<strong>de</strong>rõsen<br />

Àhnlichkeit, haben was Langweiles -, aber <strong>de</strong>r Gesellschaftszustand, das<br />

Sittenbildliche, das versteckt und gefáhrlich Politische, das diese Dinge haben<br />

(...), das ist es, was mich so sehr daran interessiert 12 .<br />

O jogo <strong>de</strong> papéis assumi<strong>do</strong> pelos elementos <strong>do</strong> triângulo amoroso na esfera privada<br />

escon<strong>de</strong> regras e códigos rígi<strong>do</strong>s manipula<strong>do</strong>s pela or<strong>de</strong>m social. São esses códigos que<br />

Fontane preten<strong>de</strong> criticar, sem moralizar ou <strong>de</strong>nunciar abertamente, mas acentuan<strong>do</strong> as<br />

consequências trágicas <strong>de</strong> comportamentos que ousaram quebrar as barreiras sociais <strong>do</strong><br />

moralismo prussiano. Os <strong>do</strong>is elementos masculinos, tal como a figura principal, estão<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelos códigos sociais, manipula<strong>do</strong>s exteriormente para aceitarem o <strong>de</strong>vir da<br />

sua condição, não ten<strong>do</strong> coragem para se libertarem <strong>do</strong> jugo institucional. Innstetten<br />

executa fielmente as or<strong>de</strong>ns ditadas pela socieda<strong>de</strong>, não conseguin<strong>do</strong> viver fora das<br />

mesmas e Crampas procura apenas em Effí paixão e aventura, aceitan<strong>do</strong> passivamente a<br />

morte ditada num duelo regi<strong>do</strong> por códigos <strong>de</strong> honra masculinos intransigentes.<br />

Pela sobreposição das novas figuras, o intertexto vai crian<strong>do</strong> o seu próprio<br />

espaço <strong>de</strong> valorização estética, submeten<strong>do</strong>, simultaneamente, o leitor a uma<br />

manipulação <strong>intertextual</strong>, na qual, este é leva<strong>do</strong> a <strong>de</strong>svalorizar o pretexto, para aten<strong>de</strong>r<br />

às preocupações emergentes no <strong>monólogo</strong> e que se pren<strong>de</strong>m com a catástrofe da<br />

Segunda Guerra Mundial e a responsabilida<strong>de</strong> individual <strong>de</strong> cada um pela hécatombe. O<br />

peso <strong>de</strong>stes acontecimentos brutais impele Hochhuth a um refinamento histórico <strong>do</strong><br />

<strong>monólogo</strong>. Os pormenores da vida pessoal <strong>de</strong> Else coadunam-se simultaneamente com a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximar o <strong>monólogo</strong> da verda<strong>de</strong> histórica e com a igual necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> encontrar um testemunho individual. Os elementos masculinos <strong>do</strong> triângulo amoroso,<br />

Ar<strong>de</strong>nne e Hartwich, parecem estar mais próximos <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los reais. Os pormenores<br />

das suas vidas revelam um gran<strong>de</strong> conhecimento da biografia <strong>de</strong> Elisabeth von Ar<strong>de</strong>nne.<br />

O discurso <strong>de</strong> Else parece querer autoproclamar uma maior proximida<strong>de</strong> e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao<br />

Carta a Friedrich Stephany, 2 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1894, vd. Fontane (1976), Briefe. Hanser, Abt. IV, Munchen, p. 495.

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