estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

O monólogo dramático D D Effis Nacht 83
ilumine o presente com o exemplo de alguém que no seu tempo foi contra-corrente, um
herói aos olhos de Else:
Hàtte nicht die Wahrheit den Roman uberzeugender gemacht: Dali eben nicht
ein erfundener Major und Adliger mein Geliebter war, sondem ein Rebell, der
zwar sein Geld ais Amtsrichter verdienen muBte, aber doch ein kantiger Einzelgãnger
war, und ein Kunstler... der Anti-Spiel3er schlechthin, weshalb er
sich ja auch die Pãdagogen vornahm, ais ihr Reformer. Hartwichs Kampf
gegen die Lehrer, ais die neben den Feldwebeln schlimmsten Ausgeburten des
Wilhelminismus, wàre heroisch gewesen, hàtte er nicht so viele Sympathisanten
gefunden! Denn wo sonst tobt bei uns das SpieGburgertum sich so furchtbar
aus wie in Schulen und auf Kasernenhõfen! {EN, 25-26).
Para o leitor, Hochhuth recria uma figura histórica que rompeu com o anonimato e se
bateu pelas suas ideias reformadoras numa época guilhermina culturalmente rica, mas
conservadora e avessa a mudanças, contendo em si as sementes de um mal que se manifestaria
de um modo radical no presente vivido pelo monólogo. Else alerta para as dificuldades
que o espírito liberal de Hartwich sentiu numa sociedade onde reinava a intolerância
do provincianismo burguês e o anquilosamento aristocrático. O seu discurso
refere-se objectivamente aos sinais preocupantes de uma uniformização de pensamento,
ao aparecimento de uma opinião pública formada no seio das escolas, das casernas do
exército, geradora de posições extremas e que remonta ao tempo de vida do amante
Hartwich. A evolução negativa desse comportamento social prolongar-se-ia tragicamente
até ao tempo presente do monólogo, até à Segunda Grande Guerra, como a noite
de vigília de Else faz questão de não esquecer, recordando Hartwich, a sua luta contra o
status quo guilhermino e estabelecendo um paralelismo entre o conservadorismo dessa
época e o regime opressor de Hitler.
Contrariamente ao que a protagonista do monólogo afirma quando se refere ironicamente
a Crampas, sublinhando as suas características banais e conservadoras como
major e nobre (cf. EN, 25), a personagem fontaniana revela semas distintos dessa distorção
metatextual, os de um rebelde e um galanteador persistente. Se em >Effi Briest<
a presença inicial de Crampas tem o propósito aparentemente inocente de ajudar Effí a
preencher as longas horas de espera e abandono a que a ocupação profissional do
marido a condenou, essa convivência torna-se cada vez mais próxima, obedecendo a um
jogo sedutor de avanços e recuos. Peter von Matt classifica este comportamento de
Crampas, enquadrando-o na arte do sedutor que, uma vez insinuado na companhia da