estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

A dramaturgia de Hochhuth 34
dramaticamente produzidos reflectia a incapacidade da sociedade alemã em se libertar
da geração anterior, a coragem e o afrontamento político das peças de Rolf Hochhuth,
Heinar Kipphardt e Peter Weiss pretendiam, em contraste, fazer o processo da
sociedade alemã (cf. Weber, 1997: 412). A pesquisa exaustiva dos factos, quer no
sentido de apurar a sua autenticidade histórica, na visão de Hochhuth, quer com o
intuito de convencer politicamente, na propaganda ideologicamente comprometida de
Weiss, obedecia a critérios objectivos e assegurava um lugar para as peças documentais
na tradição genérica do drama histórico. Rainer Kolk refere a importância da opção
"científica" na consciência pessoal dos novos autores, na senda do que o naturalismo
literário advogava no último quartel do século XIX, à luz dos avanços científicos e
sociológicos das ciências humanas (cf. Kolk, 1998: 56). Na perspectiva avançada por
Nehring, a produção do teatro documental pretendia colmatar o deficit de realidade no
drama, construindo peças provadas por factos e testemunhos reais, levando o público a
reconhecer a realidade literária como singular e não como uma literatura qualquer que o
pudesse privar da sua responsabilidade (cf. Nehring, 1977: 72).
Um recuo no século passado, até aos anos vinte, permite compreender melhor as
raízes do drama com suporte documental e com o desejado afrontamento directo dos
conflitos e questões polémicas não resolvidas na sociedade alemã dos anos sessenta.
Nessa época, a figura incontornável de Erwin Piscator (1893-1966) iria revolucionar os
palcos, trazendo a política para a discussão central das peças dramáticas, a arte
politicamente comprometida gerava um teatro parlamentar. No livro publicado por
Piscator em 1929, >Das Politische Theater