27.12.2013 Views

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>monólogo</strong> dramático D D Effis Nacht 72<br />

diversas oriundas da realida<strong>de</strong>, revela<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> interesse <strong>de</strong> Hochhuth pela História. Os<br />

propósitos intertextuais que relacionam directamente o <strong>monólogo</strong> com o pretexto fontaniano<br />

não surgem referi<strong>do</strong>s explicitamente no início <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> Else, marca<strong>do</strong> que<br />

está pelo presente ficcional <strong>de</strong> uma vigília árdua em tempo <strong>de</strong> guerra e aos noventa anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, mas sim, posteriormente, com um recuo efectivo no tempo, pelo avivar da<br />

memória sobre os acontecimentos que realmente marcaram a sua vida pessoal. O primeiro<br />

registo <strong>de</strong>ssa sua intenção passa quase <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong> ao leitor, mas marca implicitamente<br />

a orientação <strong>do</strong> discurso <strong>de</strong> Else:<br />

, schrieb Otto Flake, seien ! Witzig und entlarvend, Flakes mul3 ich wie<strong>de</strong>r lesen, das beste Frauenbuch, seit meiner Geschichte...<br />

(EN, 16).<br />

O tom apreciativo com que Else cita o escritor Flake ilustra simultaneamente o<br />

distanciamento irónico em relação à sua própria história romanceada, limitada e mal<br />

interpretada pelos escritores. O que está em causa é a adulteração que a sua história<br />

pessoal sofreu. Else está manifestamente interessada em repor a verda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s factos. O<br />

confronto com a sua homóloga <strong>do</strong> romance fontaniano é por isso inevitável. A história<br />

que preten<strong>de</strong> recontar fielmente <strong>de</strong>bate-se com uma outra personalida<strong>de</strong> que não a sua, a<br />

<strong>de</strong> Effi, com as suas características, opções e percurso trágico <strong>de</strong> vida. Todavia, não é só<br />

com Effi que Else se confronta, nem é apenas ela que Else questiona, mas sim to<strong>do</strong> o<br />

meio envolvente, o universo <strong>de</strong> personagens que gira em re<strong>do</strong>r da protagonista <strong>do</strong><br />

romance e que influenciou negativamente o seu <strong>de</strong>stino. A relação triangular <strong>de</strong> Effi<br />

com Innstetten e Crampas constitui parte fundamental da crítica <strong>de</strong> Else. A figura <strong>do</strong><br />

mari<strong>do</strong> e <strong>do</strong> amante estão também presentes na sua história pessoal. O triângulo<br />

amoroso que formam obriga Else ao constante estabelecimento <strong>de</strong> comparações. No<br />

entanto, esta obsessão com o romance <strong>de</strong> Fontane é também ela fruto da imaginação <strong>de</strong><br />

Hochhuth. Como <strong>de</strong>staca Atkins, a Else real terá provavelmente presta<strong>do</strong> pouca atenção<br />

ao romance <strong>de</strong> Fontane, pelo que a crítica <strong>de</strong> Else ao romance é subjectiva e é<br />

proveniente da situação ficcional que Hochhuth criou, fazen<strong>do</strong> parte da sua<br />

caracterização enquanto personagem <strong>do</strong> <strong>monólogo</strong> (cf. Atkins, 1999: 102-105). A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!