estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

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A dramaturgia de Hochhuth 37 manuseado pelo discurso das personagens (cf. Kolk, 1998: 59-60). Hochhuth está ciente que o conhecimento puro dos factos acarreta o perigo da banalização e da trivialidade. O conhecimento profundo da História, escreve Ferdinand Fasse, revelar-se-á inútil no drama se não tiver como fundamento uma componente poética ou artística, mas também humana e moral (cf. Fasse, 1983: 219, 234). A resposta de Hochhuth ao impasse criado pela incompatibilidade entre a verdade histórica e a liberdade poética jaz algures na escrita sintética, construída pelos seus dramas históricos. A inclinação pela matéria histórica, pela verdade extraída das suas pesquisas e do estudo de fontes, não o leva a renunciar ao conto de uma história, mas o texto imaginado deverá obedecer a critérios objectivos, deverá transparecer verdade (cf. Fasse, 1983: 188). O monólogo >Effis Nacht< não constitui, no conjunto das obras hochhuthianas, excepção e foi igualmente concebido por uma percepção fiel da História, mas submetido a uma ideia dramática independente. A citação inicial do monólogo reproduz as palavras do professor Manfred von Ardenne, que informam o leitor sobre alguns factos na vida histórica da sua avó Else von Ardenne: »(...) Am 4. Februar 1952 starb sie neunundneunzigjáhrig in Lindau am Bodensee« (EN, 7). Logo depois, o contexto histórico é submetido à regência dos elementos de âmbito ficcional: »Die - heute hier, 1943 - Neunzigjáhrige sieht mehr ais zehn Jahre junger aus und hat auch bis vor kurzem noch Nachtdienste bei Schwerkranken geleistet« (EN, 7). A apresentação da protagonista do monólogo é acompanhada, como foi analisado anteriormente (cf. supra, 29), por uma longa descrição cénica que contém não somente indicações da composição do palco, mas igualmente informações sobre o tempo histórico em que decorre a acção. Estes apontamentos, que diferentes encenações poderão tornar visíveis para o espectador e que se destinarão também ao encenador e aos actores, visam ainda, muito especialmente o leitor. De resto, Hochhuth é o primeiro a apelidar as suas peças teatrais de romances dramáticos e explica como procura escrever, tendo em mente não somente o público-alvo dos espectadores mas igualmente dos leitores: Das ist eine Pédanterie oder eine Sucht nach Grundlichkeit zuzuschreiben, die mit den Jahren bei mir beãngstigend wird (...) Also schreibe ich auch fur Leser, nicht nur fur Theaterzuschauer, und den Lesern mõchte ich die Sache mõglichst anschaulich machen. Das schafft auf der Biihne der Schauspieler samt Dialog. Aber in der Buchform miissen die erzãhlenden Zwischentexte den fehlenden Schauspieler ersetzen. Tatsãchlich glaube ich, da!3 diese Stiicke
A dramaturgia de Hochhuth 38 gerade soviel gelesen werden wegen ihrer essayistischen Einschube und Erweiterungen; sie sind dramatische Romane 15 . A obra dramática de Hochhuth oferece, por esta razão, um igual apelo à leitura e à representação. O grande impulsionador da sua aventura dramática, Erwin Piscator, sublinha esse apelo à totalidade, numa peça épica destinada a um teatro político 16 , uma peça total para um teatro total, decidida a confrontar o público com o que o autor tem para dizer: »Nicht wie lang ein Publikum zuhõren kann, ist entscheidend, sondem wieviel ein Autor dem Publikum zu sagen hat« (Piscator, 1962: 13). As atenções de Hochhuth viram-se, como disse já, para o passado relativamente recente, para um tempo marcado pela Segunda Grande Guerra, o que reflecte a preocupação do autor com momentos da História que ameaçam mergulhar no esquecimento ou que foram recalcados pela consciência colectiva. As memórias da infância marcaram profundamente o escritor, que, com catorze anos, assistiu à total capitulação da Alemanha, à derrocada de um regime que entregou milhares de pessoas ao destino trágico da guerra: DaB ich ais ehemaliger Pimpf im Kindergarten der Hitlerjugend, im Jungvolk, nun diesen historischen Erdrutsch erlebte, dann auch erlebte, wie im Sommer 1954 das harmlose, ungebombte Eschwege Grenzort zwischen der amerikanischen und russischen Besatzungszone wurde - diese Anschauung von im Wortsinn: unerhõrten Begebenheiten, hat mich gepragt fúr immer' 7 . Este momento da história alemã, presente na memória pessoal de Hochhuth, faz com que a História seja o tema central do autor, sempre renovadamente a História, como refere ReinoB, com especial preponderância para a que foi tragicamente erguida por Entrevista conduzida por Jost Noite a Rolf Hochhuth em 1985, com o título "Gesprãch mit Rolf Hochhuth ûber ", publicada no posfácio da obra >JudithDer StellvertreterRolf Hochhuth - Eingriffin die Zeitgeschichte
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