estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

As fontes biográficas 58
O conhecimento exaustivo dos apontamentos de Elisabeth, bem como de toda a correspondência
e documentos escritos relacionados com Hartwich e Ardenne, permitiu
incluir nas biografias pormenores sobre os vértices masculinos do triângulo, bem como
retratar o perfil biográfico do marido e do amante 4 .
Para Else von Ardenne, o contraste entre Emil e Armand era acentuado: a
postura militar, mais rígida do marido era ofuscada aos seus olhos por um liberalismo
civil mais extravagante no amante. Para além de magistrado, Hartwich era um pensador
atento, um pedagogo entusiasta de uma reforma urgente no ensino do império e
igualmente um amante fervoroso das artes, detentor de um ouvido extremamente
sensível para a música, exímio executante do seu instrumento preferido, o violoncelo
(cf. Franke, 1995: 102-103). Igualmente o exercício físico e a saúde corporal mostravam
ser temas a que Hartwich dava especial atenção. Franke assinala no ano de 1877 a
publicação de um artigo por Ferdinand August Schmidt sobre os contributos de Emil
Hartwich para a educação física na Alemanha. Com Schmidt, Hartwich funda
igualmente a revista Kõrper und Geist (cf. Franke, 1995: 111). Hartwich não se
limitava, no entanto, às capacidades referidas, mostrando uma grande inclinação para as
artes e a pintura, utilizando todos esses dotes para se aproximar de Else:
Da der Wunsch, mit Else von Ardenne auszureiten, unerfïïllt blieb, weil sie
liber kein Pferd verfugte, fand Hartwich eine andere Mõglichkeit, mit der
verehrten Frau ofter als iiblich zusammen sein zu kõnnen: er portraitierte sie.
Allen, die von dem Plan erfuhren, muBte einleuchten, dieses Bildnis werde
dem Kunstamateur nicht von heute auf morgen gelingen (Franke, 1995: 106).
Por outro lado, na correspondência entre os amantes, sempre muito cuidada e
receosa, Hartwich dá sinais de estar a sofrer com a separação: »deshalb will ich lieber
warten, bis ein gutes Schicksal mich mal wieder in ihre Náhe fuhrt« (apud Franke,
1995: 128). No que respeita à morte de Hartwich, são reunidas nas biografias várias
notícias e registos da altura que se referem à sua morte trágica no dia 27 de Novembro
O leitor fica assim a saber, entre outros pormenores, que o juiz Hartwich casou no ano de 1870 com Hero Jung em
Colónia e que do casamento nasceram quatro filhos (cf. Franke, 1995: 91). O casamento com Hero Hartwich revela
ligações familiares importantes: Hero é apresentada como prima de Mathilde Wesendonks, a esposa de Richard
Wagner (cf. Schellens, 1927: 14). Algumas das curiosidades biográficas de Emil Hartwich foram extraídas do livro
de Franz Schellens, que se interessou pelos escritos pedagógicos e reformistas do magistrado.