estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

Introdução
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0. Introdução
O primeiro contacto que estabeleci com o monólogo dramático >Effis Nacht< x
(1996) de Rolf Hochhuth (n.1931), durante o ano curricular do mestrado em Estudos
Alemães (1998/2000), no âmbito do seminário subordinado ao tema da intertextualidade
e com o título sugestivo Intertextualidades na literatura alemã, ditou o rumo da minha
investigação futura. A leitura difícil que o monólogo de Hochhuth propõe, porque
repleto de evocações, alusões e citações, logra uma recepção mais sucedida se o
exercício contemplar uma releitura do romance >Effi Briest< (1895) de Theodor
Fontane (1819-1898), com o qual o monólogo estabelece uma relação primordial de
intertextualidade. Uma análise do monólogo de Hochhuth afígurava-se-me
especialmente sugestiva já que me prometia não apenas o aprofundar dos
conhecimentos teóricos sobre a intertextualidade, bem como sobre a dramaturgia de
Hochhuth de uma forma geral, mas também revisitar o romance fontaniano e
reencontrar o período literário do Realismo burguês. Tratava-se de um tema
relativamente original, até mesmo pela modernidade da obra de Hochhuth, mas não
totalmente descurado pela crítica, tendo-se-me revelado alguns trabalhos já existentes
como fecundamente norteadores.
Começarei por referir ainda do ano de publicação de >Effis Nacht< (1996), o
artigo do próprio Rolf Hochhuth que, inserido na obra ensaística >Wellen< 2 , adiantaria
algumas coordenadas sobre o percurso criativo do monólogo e revelaria o fascínio do
escritor pela história pessoal de Else von Ardenne. Além de manifestar a sua simpatia
pelo romance de adultério fmissecular, o que o leva directamente à eleição da obra de
Theodor Fontane como pretexto a privilegiar, Hochhuth preocupa-se em valorizar
outras das suas fontes (cf. W, 160). O apontamento crítico de Hochhuth tem a virtude de
orientar o sentido da recepção do monólogo; a ideia chave é explicada no artigo à figura
emblemática de Marianne Hoppe (1911-2002), nem mais nem menos, que a actriz
responsável pelo papel de Effi no filme >Der Schritt vom Wege< (1939) de Gustaf
Griindgens (1899-1963), com o intuito de: »durch Effi Briest nach dem Zweiten
Weltkrieg Rúckschau auf die neunzig Jahre ihres Lebens halten zu lassen« (W, 160).
' Será utilizada a sigla £7Vpara o monólogo dramático >Effis NachtWellen< ( 1996).