27.12.2013 Views

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A dramaturgia <strong>de</strong> Hochhuth<br />

39<br />

1 X<br />

Hitler (cf. ReinoB, 1991: 768). Os extractos <strong>do</strong> tempo histórico que selecciona<br />

reflectem o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> gente inocente sacrificada pela opressão <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r e pelas<br />

<strong>de</strong>cisões políticas <strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s. Hanno Beth afirma ser o <strong>de</strong>stino irremediável da História<br />

segun<strong>do</strong> Hochhuth: uma colecção <strong>de</strong> erros humanos, <strong>de</strong> fanatismos e <strong>de</strong> lutas pelo po<strong>de</strong>r<br />

que ocupam ciclicamente o tempo gasto pelo Homem, impedin<strong>do</strong>-o <strong>de</strong> dar um salto<br />

qualitativo no seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida (cf. Beth, 1978: 55). Para Hochhuth, há um tempo <strong>de</strong><br />

mudança mas não propriamente <strong>de</strong> melhoramento e, por essa razão, a História não faz<br />

qualquer senti<strong>do</strong>. As palavras <strong>do</strong> autor em um <strong>do</strong>s seus ensaios, >Wellen< (1996), são<br />

esclarece<strong>do</strong>ras quanto ao pessimismo que a sua mundivisão encerra:<br />

So sind <strong>de</strong>r Naturantrieb zum Akt und seine Zwecklosigkeit und seine endlosen<br />

Wie<strong>de</strong>rholungen - endlos, ziellos, zwecklos wie die Wellen ans Ufer schlagen<br />

-, exemplarisch auch fúr <strong>de</strong>n Willen <strong>de</strong>r Geschichte o<strong>de</strong>r sogar fur <strong>de</strong>n <strong>de</strong>s<br />

Menschen in <strong>de</strong>r Geschichte, was ja vielleicht keineswegs dasselbe ist: wie<br />

sollten wir das wissen! Geschichte je<strong>de</strong>nfalls ist insofern i<strong>de</strong>ntisch mit <strong>de</strong>m<br />

Akt, ais sie Aktion um ihrer selbst willen ist, nicht mit <strong>de</strong>m Ziel - sie hat<br />

keines - <strong>do</strong>ch mit <strong>de</strong>m Résultat <strong>de</strong>s PotenzverschleiBes (W, 26).<br />

O Homem é arrasta<strong>do</strong> para um ciclo da História repetitivo, para um continuum perpétuo<br />

que gera como único resulta<strong>do</strong> visível a <strong>de</strong>struição. Uma vez que a História não tem um<br />

fim em si mesmo, o resulta<strong>do</strong> das acções humanas que a corporizam está<br />

irremediavelmente perdi<strong>do</strong>. Hochhuth não vê escapatória possível para um processo que<br />

à <strong>de</strong>riva conduz a um só final - a morte. O autor recorre a Kant (1724-1804) para<br />

explicar a urgência <strong>de</strong> uma humanização da História que responsabilize o Homem e<br />

que, tal como a mãe natureza que estimula a evolução óptima das espécies, proceda à<br />

extinção total das armas e das guerras, promoven<strong>do</strong> a aliança <strong>do</strong>s povos (cf. W, 15). A<br />

tendência auto<strong>de</strong>strutiva <strong>do</strong> Homem, o aprisionamento a um ciclo histórico que se<br />

movimenta em círculo, não significa, porém, que não haja esperança no pensamento <strong>de</strong><br />

Hochhuth. Os sinais positivos resi<strong>de</strong>m, todavia, não na socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong><br />

organiza<strong>do</strong>, mas no indivíduo enquanto ser capaz <strong>de</strong> lutar contra o rumo <strong>do</strong>s<br />

acontecimentos através das <strong>de</strong>cisões que toma com base na sua consciência (cf. infra,<br />

50). A História <strong>de</strong>ixa-se interpretar pelo reina<strong>do</strong> caótico <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res que, por sua vez,<br />

po<strong>de</strong>rão ganhar senti<strong>do</strong> no plano i<strong>de</strong>ológico ou nas i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s personalida<strong>de</strong>s. De<br />

»Der erste, <strong>de</strong>r sich in einem Felsennest verbarg, war <strong>de</strong>r Installateur von Auschwitz« (Judith, 134).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!