27.12.2013 Views

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

estudo intertextual do monólogo effis nacht de rolf hochhuth

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>monólogo</strong> dramático D D Effis Nacht 68<br />

Fontane Effis Geliebten a<strong>de</strong>lnl Warum durfte mein Hartwich nicht Richter bleiben,<br />

son<strong>de</strong>m muBte Major wer<strong>de</strong>n und von Crampas? So stecken wir alie in Konventionen -<br />

sogar Fontane« (EN, 26-27). Se os porquês insistentes <strong>de</strong> Else questionam o processo<br />

criativo <strong>de</strong> Fontane, uma vez que a concretização <strong>do</strong> real foi relegada para segun<strong>do</strong><br />

plano e a ficção foi moldada por um certo convencionalismo afecto ao escritor, por<br />

outro la<strong>do</strong>, o retorno a Fontane ao longo <strong>do</strong> <strong>monólogo</strong> e alguns comentários finais não<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> trair uma simpatia cúmplice que Hochhuth nutre pelo romancista (cf. EN,<br />

87). Esta simpatia pelo programa não apenas literário <strong>do</strong> Realismo leva também<br />

Hochhuth a <strong>de</strong>dicar o ensaio >Menzel Maler <strong>de</strong>s Lichts< (1991) à figura e obra <strong>do</strong><br />

pintor A<strong>do</strong>lf Menzel (1815-1905), precursor <strong>do</strong> programa realista na pintura 3 . Lembrese,<br />

todavia, que para Fontane, o conceito <strong>de</strong> Realismo se <strong>de</strong>finia muito para além <strong>de</strong><br />

uma reposição nua e crua da realida<strong>de</strong> da vida quotidiana. No ensaio >Unsere lyrische<br />

und epische Poésie seit 1848< (1853), Fontane reclama para o Realismo o imperativo<br />

estético <strong>de</strong> uma transformação <strong>do</strong> real, um trabalho laborioso <strong>de</strong> lapidação que inclui o<br />

conceito <strong>de</strong> Verklãrung, ou seja, uma transfiguração da realida<strong>de</strong> (cf. infra, 116):<br />

Vor alien Dingen verstehen wir nicht darunter das nackte Wie<strong>de</strong>rgeben<br />

alltãglichen Lebens, am wenigsten seines Elends und seiner Schattenseiten.<br />

(...) Diese Richtung verhãlt sich zum echten Realismus wie das rohe Erz zum<br />

Metal: die Láuterung fehlt. (...) Das Leben ist <strong>do</strong>ch immer nur <strong>de</strong>r Marmorsteinbruch,<br />

<strong>de</strong>r <strong>de</strong>n Stoff zu unendlichenn Bildwerken in sich trãgt. 4<br />

Este programa fontaniano é, porém, o ponto <strong>de</strong> discórdia no <strong>monólogo</strong> <strong>de</strong> Hochhuth,<br />

sen<strong>do</strong> severamente critica<strong>do</strong> por Else (cf. EN, 52), enquanto princípio geral que não<br />

estabelece uma relação prioritária com o real e se reserva o direito a uma intervenção<br />

ficcional "distorcida" da realida<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Hochhuth, a escrita <strong>de</strong> Fontane acaba por ir<br />

- Como em obras anteriores, parece ser este o assunto preferencial <strong>do</strong> dramaturgo: »DaB aber in einer Epoche, die <strong>de</strong>n<br />

Realismus so hartnackig bekãmpte wie die victorianische, jemand sich dazu aufschwingt, diese Wirklichkeit auch<br />

<strong>do</strong>rt ins Kunstwerk hineinzunehmen, ja aus ihr das Kunstwerk zu machen: Dazu gehõrt als oberste Tugend Mut\<br />

Denn noch stimmte, was <strong>de</strong>n Kunstler an <strong>de</strong>r Wirklichkeit reizte - son<strong>de</strong>rn er Realist ist - mit <strong>de</strong>m uberein, was die<br />

Òbrigkeit, die Gesellschaft, die Konvention von ihr wahrhaben und wahrnehmen wollten! Und gar in einem<br />

Kunstwerk. Und am wenigsten das 19. Jahrhun<strong>de</strong>rt!« (MML, 49). Hochhuth não se limita a associar Menzel a<br />

Fontane, como dispõe-se a ser testemunha textual da admiração <strong>do</strong> escritor pelo pintor (cf. MML, 147), enaltece a sua<br />

coragem estética, elege-o como vanguardista na pintura <strong>de</strong> um progTama disposto a quebrar barreiras e convenções,<br />

ávi<strong>do</strong> <strong>do</strong> real intimista como matéria-prima da arte.<br />

4 Unsere lyrische und epische Poésie seit 1848. [1853] In: Theo<strong>do</strong>r Fontane - Sàmtliche Werke. Edgar GroG (Hrsg.),<br />

Vol. 21/1 Nymphenburger Verlag, Munchen 1959, p. 12. Apud Restenberger, 2001: 171.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!