Guia Digital do Arquivo Histórico - Câmara Municipal de Cascais
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Susan Lown<strong>de</strong>s Marques, ou Susan Lown<strong>de</strong>s, nome com que<br />
assinava os seus livros e artigos, nasceu em Londres, em 1907-<br />
02-15. Era filha da escritora Marie Belloc Lown<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rick<br />
Lown<strong>de</strong>s, jornalista <strong>do</strong> “The Times” e neta <strong>de</strong> Bessie Rayner<br />
Parkes Belloc, escritora e ativista <strong>do</strong>s direitos das mulheres.<br />
Frequentou diversos colégios em Inglaterra, inician<strong>do</strong>-se na<br />
escrita ainda jovem, ao colaborar <strong>de</strong> forma ocasional em<br />
diversas publicações. Em 1938-09 <strong>de</strong>slocou-se, com seu pai, a<br />
Portugal, instalan<strong>do</strong>-se no Hotel <strong>de</strong> Inglaterra, no Estoril, on<strong>de</strong><br />
veio a conhecer, através <strong>de</strong> amigos, o jornalista Luís Artur<br />
<strong>de</strong> Oliveira Marques, que falava inglês na perfeição e com<br />
quem veio a casar poucos meses <strong>de</strong>pois, em 1938-12-14, em<br />
Londres. Susan Lown<strong>de</strong>s adquiriu a nacionalida<strong>de</strong> portuguesa,<br />
embora nunca tenha <strong>de</strong>sisti<strong>do</strong> <strong>do</strong> passaporte inglês. Era<br />
católica praticante e gran<strong>de</strong> frequenta<strong>do</strong>ra da Igreja <strong>de</strong> Santo<br />
António <strong>do</strong> Estoril e <strong>do</strong>s Salesianos. Entendia que o cristianismo<br />
se vivia no dia a dia, <strong>de</strong> forma eminentemente prática, em<br />
solidarieda<strong>de</strong> com as pessoas mais sós ou <strong>de</strong>sprotegidas,<br />
razão pela qual se conservam no seu arquivo centenas <strong>de</strong><br />
cartas agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong>-lhe a refeição, o acolhimento, a visita, a<br />
ajuda económica e o envio <strong>de</strong> livros ou <strong>de</strong> roupa. Colaborou<br />
com o mari<strong>do</strong> no “The Anglo-Portuguese News” (APN), jornal<br />
inglês publica<strong>do</strong> em Portugal durante quase cinquenta anos,<br />
cuja se<strong>de</strong> seria montada na casa da família no Monte Estoril,<br />
a partir da década <strong>de</strong> 1960. Aí publicou centenas <strong>de</strong> artigos<br />
sobre varia<strong>do</strong>s temas, nomeadamente acerca <strong>do</strong> concelho <strong>de</strong><br />
<strong>Cascais</strong>. Após a morte <strong>de</strong> Luís Marques, em 1976, continuou a<br />
dirigir o APN, até que o ven<strong>de</strong>u, em 1980, ao jornalista inglês<br />
Nigel Batley. Foi correspon<strong>de</strong>nte em Portugal <strong>de</strong> vários jornais<br />
e revistas católicas norte-americanas e inglesas e colabora<strong>do</strong>ra<br />
ocasional das mais diversas revistas e publicações, com temas<br />
quase sempre relaciona<strong>do</strong>s com Portugal, e muitas vezes com<br />
a zona <strong>de</strong> <strong>Cascais</strong>. Escreveu diversos livros sobre Portugal,<br />
como “The selective traveller in Portugal” (Londres: Evans,<br />
1949), em parceria com Ann Bridge, que conheceu sucessivas<br />
edições e se tornou um clássico da narrativa <strong>de</strong> viagens sobre<br />
o país. Elizabeth Stroumillo, jomalista <strong>de</strong> viagens <strong>do</strong> “The<br />
Daily Telegraph”, ao publicitar “Travellers’ gui<strong>de</strong> to Portugal,<br />
(Londres: Geographia, 1982), outro <strong>do</strong>s livros <strong>de</strong> Susan<br />
Lown<strong>de</strong>s, que veio a conhecer três edições, anotaria que:<br />
«Susan Lown<strong>de</strong>s, uma inglesa que vive em Portugal há muitos<br />
anos […] tem um conhecimento enciclopédico sobre esse país.<br />
[…] O amor e o entusiasmo por tu<strong>do</strong> o que é português irradia<br />
em cada página». Escreveu, também, “Good food from Spain<br />
and Portugal” (Londres: Fre<strong>de</strong>rich Muller, 1956), <strong>do</strong>is pequenos<br />
livros sobre Fátima <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos milhares <strong>de</strong> peregrinos <strong>de</strong><br />
língua inglesa, reformulan<strong>do</strong> e atualizan<strong>do</strong> durante vários<br />
anos o “Fo<strong>do</strong>r’s Gui<strong>de</strong> to Portugal”, nas suas várias versões.<br />
Também compilou “Diaries and letter of Marie Belloc Lown<strong>de</strong>s”<br />
(Londres: Chatto and Windus, 1971), que recolheu excelentes<br />
críticas por parte da imprensa inglesa. Gran<strong>de</strong> apaixonada<br />
pela arte e pela arquitetura, escreveu com Alice Berkeley um<br />
livro que seria publica<strong>do</strong> pouco tempo <strong>de</strong>pois da sua morte:<br />
“English art in Portugal” (Lisboa: Inapa, 1994). Trabalhou<br />
<strong>de</strong> forma voluntária em várias instituições, como o Hospital<br />
Britânico; o Colégio Inglês <strong>de</strong> Carcavelos; o Lar para a Terceira<br />
Ida<strong>de</strong> da Comunida<strong>de</strong> Estrangeira, em S. Pedro <strong>de</strong> Estoril; o<br />
Fun<strong>do</strong> Caritativo Britânico; a Associação Anglo-Lusa, com se<strong>de</strong><br />
em Londres; a Associação Britânica <strong>de</strong> Mulheres Voluntárias<br />
e o Lar Internacional para Senhoras. Durante a guerra,<br />
também participou com o mari<strong>do</strong> no apoio aos refugia<strong>do</strong>s<br />
que passaram em gran<strong>de</strong> número por Portugal. De acor<strong>do</strong><br />
com os da<strong>do</strong>s compulsa<strong>do</strong>s pela Dra. Ana Vicente, sua filha,<br />
que publicou, em 2006, um livro sobre seus pais intitula<strong>do</strong><br />
“Arcádia: Notícia <strong>de</strong> uma Família anglo-portuguesa” (Lisboa:<br />
Gótica, 2006), a Casa Palmeiral, sita na Avenida <strong>de</strong> S. Pedro,<br />
no Monte Estoril, on<strong>de</strong> residiu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1947, estava repleta <strong>de</strong><br />
livros e sempre preparada para receber familiares, amigos e<br />
conheci<strong>do</strong>s. Eram quase diários os almoços e jantares on<strong>de</strong>, à<br />
volta da mesa, se juntavam as mais diversas personalida<strong>de</strong>s,<br />
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