Guia Digital do Arquivo Histórico - Câmara Municipal de Cascais
Guia Digital do Arquivo Histórico - Câmara Municipal de Cascais
Guia Digital do Arquivo Histórico - Câmara Municipal de Cascais
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
e vin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois, a ser envia<strong>do</strong> para as Lages, on<strong>de</strong> assistiu à<br />
construção da pista <strong>de</strong> aviação, até ao regresso à metrópole, em<br />
1944. Foi em Angra <strong>do</strong> Heroísmo que comprou, a prestações,<br />
a sua primeira máquina fotográfica, na loja <strong>do</strong>s Farinhas,<br />
apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a fotografar sozinho. Os retratos que tirava aos<br />
seus camaradas militares permitir-lhe-iam reaver o dinheiro<br />
que investira no equipamento. A sua primeira reportagem<br />
fotográfica oficial ocorreria em 1942-01, por ocasião da visita<br />
<strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Distrito Autónomo <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong> Heroísmo,<br />
António Francisco <strong>de</strong> Sales <strong>de</strong> Guimarães Pestana da Silva,<br />
ao 1.º Regimento Expedicionário, em Nasce Água. Nesse<br />
mesmo ano, na sequência <strong>de</strong> operação cirúrgica, no Hospital<br />
Militar <strong>de</strong> Ponta Delgada, passaria o mês <strong>de</strong> Agosto no Estoril.<br />
Vários jornais regionais editaram, então, pequenos artigos <strong>de</strong><br />
sua autoria: «As nossas sauda<strong>de</strong>s», no “Notícias <strong>de</strong> Évora”,<br />
<strong>de</strong> 1942-01-19; «Sentinela expedicionária», n’”A União”, <strong>de</strong><br />
Angra <strong>do</strong> Heroísmo, em 1942-01-22; «A história <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s»,<br />
n’”A Pátria”, <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong> Heroísmo, em 1942-03-24; «Carta<br />
<strong>de</strong> um solda<strong>do</strong> expedicionário», no “Notícias <strong>de</strong> Évora”, em<br />
1942-04; «Carta <strong>de</strong> um expedicionário às mães portuguesas»,<br />
no “Notícias <strong>de</strong> Évora”, em 1942-05-12 (única ocasião que se<br />
assina como César Guilherme Car<strong>do</strong>so Correia); «Enfermeiras<br />
<strong>de</strong> Guerra» e «Agra<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> a tua imagem a alguém (<strong>Cascais</strong>)»,<br />
n’”O Sapa<strong>do</strong>r”, <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong> Heroísmo, em 1942-10; e «A<br />
uma <strong>de</strong>sconhecida (Carmen)», n’”O Sapa<strong>do</strong>r”, <strong>de</strong> Angra <strong>do</strong><br />
Heroísmo. Termina<strong>do</strong> o serviço militar, casaria, em 1942-11-<br />
16, com a sua prima, Emília <strong>do</strong> Rosário Pereira, no Registo<br />
Civil <strong>de</strong> Évora, e <strong>de</strong>pois, na igreja <strong>de</strong> Santo António <strong>do</strong> Estoril,<br />
ten<strong>do</strong> por padrinhos os Marqueses <strong>de</strong> Pombal (mãe e filho).<br />
No ano seguinte nasceu a primeira filha <strong>do</strong> casal, que faleceria<br />
com meningite aos nove meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. A família residia,<br />
então, na Amoreira, nas águas furtadas <strong>de</strong> um prédio na<br />
Rua Carlos Anjos, on<strong>de</strong> César Guilherme Car<strong>do</strong>so improvisou<br />
um pequeno estúdio fotográfico, para, apesar <strong>de</strong> nunca ter<br />
entra<strong>do</strong> num laboratório fotográfico, ensaiar a impressão das<br />
suas imagens, <strong>de</strong> forma a dilatar o orçamento familiar, visto<br />
que o or<strong>de</strong>na<strong>do</strong> <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong> mesa era muito variável. Em<br />
1951 voltou a ser opera<strong>do</strong> ao estômago no Hospital da Santa<br />
Casa da Misericórdia <strong>de</strong> <strong>Cascais</strong>, tornan<strong>do</strong>-se, então, membro<br />
da irmanda<strong>de</strong>. No ano seguinte, após o nascimento <strong>do</strong> terceiro<br />
filho, mu<strong>do</strong>u-se para uma outra casa na mesma rua, até que<br />
em 1954 passasse <strong>de</strong>finitivamente para uma vivenda na Rua<br />
Particular, frente à casa on<strong>de</strong> vivera os primeiros anos <strong>de</strong><br />
casa<strong>do</strong>. Nesta nova habitação montaria um estúdio fotográfico<br />
e um laboratório <strong>de</strong> câmara escura no sótão. No verão, entre<br />
as 11 e as 14 horas <strong>de</strong>slocava-se pelas praias <strong>do</strong> Estoril e<br />
Monte Estoril, para fotografar os veraneantes, <strong>de</strong>dican<strong>do</strong>-se,<br />
aos fins <strong>de</strong> semana, à realização <strong>de</strong> reportagens fotográficas<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas, casamentos, batiza<strong>do</strong>s, festas, atos<br />
solenes e bailes. Durante anos fotografou <strong>Cascais</strong> e Estoril,<br />
editan<strong>do</strong>, também, bilhetes-postais ilustra<strong>do</strong>s. Em 1959-02-<br />
05 começou a colaborar como repórter fotográfico no “Mun<strong>do</strong><br />
Desportivo” e, em 1962-08 n’”A Nossa Terra”. Em 1963, a sua<br />
carteira <strong>de</strong> clientes – entre os quais se <strong>de</strong>stacavam os con<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Barcelona, Humberto II <strong>de</strong> Itália e sua irmã, Joana <strong>de</strong> Saboia<br />
ou a rainha da Bulgária – permitir-lhe-ia finalmente aban<strong>do</strong>nar<br />
o seu emprego na indústria hoteleira. Em 1964 tornar-se-ia<br />
num <strong>do</strong>s acionistas funda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> “Jornal da Costa <strong>do</strong> Sol”,<br />
passan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, a <strong>de</strong>dicar gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> seu tempo<br />
a registar fotograficamente <strong>Cascais</strong> e Oeiras, acerca <strong>do</strong>s quais<br />
escreveu, também, pequenas notas. Forneceu, ainda, muitas<br />
das imagens que ilustraram as páginas da imprensa local,<br />
nomeadamente “O Pódio”, “A Zona” e o “Correio da Linha”. Em<br />
1971 tomou <strong>de</strong> trespasse a loja <strong>do</strong> fotógrafo Leonel Lourenço,<br />
na Avenida Valbom, fixan<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong> vez, em <strong>Cascais</strong>, como<br />
industrial <strong>de</strong> fotografia. De entre as reportagens fotográficas<br />
que promoveu, <strong>de</strong>stacar-se-iam o registo <strong>de</strong> todas as casas das<br />
antigas ruas <strong>de</strong> <strong>Cascais</strong>, em 1973, ou das cheias <strong>de</strong> 1983-11-<br />
19. Em 1996-07-07 receberia a medalha <strong>de</strong> Mérito <strong>Municipal</strong><br />
da Câmara <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Cascais</strong>. Faleceu em 2005-05-13<br />
121