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MAPEAMENTO NACIONAL DA PRODUçãO ... - Itaú Cultural

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Poéticas da atitude:<br />

o transitório e o precário<br />

curador-coordenador<br />

Jailton Moreira<br />

artistas<br />

Amilcar Packer<br />

Caio Machado<br />

Ducha<br />

Fabiano Marques<br />

Felipe Barbosa<br />

Genesco Alves<br />

Glaucis de Morais<br />

Graziela Kunsch<br />

Janaina Barros<br />

Járed Domício<br />

Letícia Cardoso<br />

Lucas Levitan<br />

Maxim Malhado<br />

Paula Krause<br />

Silvia Feliciano<br />

Téti Waldraff<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Tonico Lemos Auad<br />

exposições<br />

Recife PE<br />

Fundação Joaquim Nabuco<br />

São Paulo SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> São Paulo<br />

O alinhamento das palavras atitude, transitório e precário não significa<br />

um somatório que visa precisar e reduzir a área de abordagem desta<br />

exposição. Ao contrário, busca criar um campo de forças semântico<br />

onde os conceitos específicos que emanam de cada palavra dançam<br />

em órbitas próprias e ao mesmo tempo se magnetizam. Os artistas aqui<br />

reunidos refletem com suas obras esses pontos e acabam por dinamizálos,<br />

expandi-los e problematizá-los.<br />

O foco na atitude do artista tem origem nas vanguardas históricas, principalmente<br />

no dadaísmo, com seus postulados de antiarte. Em 1969,<br />

Harald Szeemann fez uma curadoria histórica e pontual, When Attitudes<br />

Become Form (Quando as atitudes se tornam forma), em Berna. Esta logo<br />

virou referência não só para as manifestações que se seguiram na década<br />

de 1970 privilegiando as ações dos artistas, mas também como exemplo<br />

de curadoria autoral. Segundo o próprio Szeemann, “nunca a atitude do<br />

artista tinha sido tão diretamente colocada nas obras”. 1 De lá para cá, a<br />

palavra atitude se banalizou a ponto de virar um adjetivo vinculado desde<br />

às mais ingênuas e mercadológicas propostas do universo da música pop<br />

até ao discurso do mundo da moda.<br />

A modernidade, desde o início, estava associada a idéias de transitório e<br />

de velocidade. No decorrer do século XX viu-se na radicalização e aceleração<br />

desses conceitos um direcionamento que levaria à pulverização da<br />

matéria. O conceito de transitório evoca as idéias de efêmero, transitivo<br />

e fugidio. Esse viés aparece nos anos 60 vinculado a propostas como<br />

happenings, performances, environments, land art etc. Era o crescimento<br />

de uma arte que celebrava o instante e ao mesmo tempo se debruçava<br />

sobre os fenômenos naturais, suas transformações e perenidade.<br />

Pode-se perceber uma estética do precário atravessando os dois últimos<br />

séculos e passando por movimentos tão distintos como o impressionismo<br />

e a arte povera. Ela é notada desde em uma progressiva ausência de polimento<br />

da pintura, colocando em evidência o gesto criador, até nas ações<br />

que manifestavam a vulnerabilidade do corpo do próprio artista na body<br />

art. A partir dos fatos de 11 de setembro de 2001, há um redimensionamento<br />

dos parâmetros vigentes que ainda está para ser metabolizado.<br />

A compreensão de que o precário é condição constituinte de toda a<br />

estrutura torna-se fundamental para relativizar o que a pátina do sucesso<br />

político, social e tecnológico pode dissimular.<br />

É sintomático que boa parte da produção detectada neste mapeamento<br />

trabalhe com articulações possíveis desses conceitos. As últimas décadas<br />

foram marcadas por um totalitarismo do novo, quando este passa<br />

a ser o combustível de uma dinâmica institucional que aprimorou seus<br />

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