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MAPEAMENTO NACIONAL DA PRODUçãO ... - Itaú Cultural

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166<br />

estranhamento<br />

Cobras cegas são notívagas.<br />

O orangotango é profundamente solitário.<br />

Macacos também preferem o isolamento.<br />

Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.<br />

Andorinhas copulam no vôo.<br />

O mundo não é o que pensamos.<br />

167<br />

Carlos Drummond de Andrade, História Natural<br />

Com base na proposta dos curadores, adjuntos e coordenadores, do programa<br />

Rumos Itaú <strong>Cultural</strong> Artes Visuais 2001/2003, procurei pensar<br />

e reunir obras de arte visando propiciar ao espectador uma aproximação e<br />

compreensão específicas da arte na contemporaneidade. Esta exposição,<br />

tendo por ponto de partida a idéia de estranhamento, apresenta-se como<br />

um espaço para a discussão e reflexão artísticas, lugar da tensão do<br />

inusitado e da permanente ressignificação das coisas. Faz também uma<br />

aposta no papel da arte como entendimento de nossa época.<br />

curador adjunto<br />

Paulo Reis<br />

artistas<br />

Adriana Boff<br />

Fabiana Wielewicki<br />

Gabriele Gomes<br />

Letícia Cardoso<br />

Marcelo Cidade<br />

Podemos afirmar que um dos propósitos, ou constituintes, da linguagem<br />

artística é a possibilidade de fazer estranhar a nós mesmos e ao meio<br />

em que vivemos – micro e macrossociedades. Estranhar, numa acepção<br />

ampla, é experimentar o novo, o não-conhecido, e é também não reconhecer<br />

o que nos é familiar (O Estranho, Sigmund Freud), experimentando<br />

outros sentimentos quando se desconstrói nossa lógica cotidiana. É<br />

construir outras relações espaço-temporais e ter consciência da limitação<br />

de nossos parâmetros de entendimento e de nossa razão historicamente<br />

construída. Mudar a perspectiva de nosso olhar, experimentar outros<br />

pontos de vista na apreensão do mundo e, assim, compreender a densidade<br />

dos tecidos do real. E é poder olhar a nós mesmos com novos e<br />

distanciados olhos e, ao entender que o eu é um outro (Rimbaud), observar-nos<br />

criticamente em nossa fragmentada condição contemporânea.<br />

exposições<br />

Campinas SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Campinas<br />

Espaço de Fotografia e Novas Mídias<br />

Curitiba PR<br />

Museu de Arte Contemporânea do Paraná<br />

Uma idéia de estranhamento pode ser buscada no movimento artístico<br />

do surrealismo. Em suas inquirições e vivências de uma outra lógica,<br />

apontava-se para uma idéia do estranho. Sonhos, delírios, alucinações,<br />

vertigens e associações desvelavam, para seus artistas, uma realidade<br />

escondida, subterrânea mesmo, por dentro daquela outra em que se<br />

vivia. O surrealismo arquiteta estranhamentos pela troca de lugares – algo<br />

como um guarda-chuva e uma máquina de costura numa mesa de dissecação<br />

(Lautréamont) –, frottages, método paranóico-crítico, colagens,<br />

cadavre exquis, entre muitos outros. O crítico e poeta mexicano Octavio<br />

Paz, no livro O Arco e a Lira, afirma que o surrealismo é um movimento<br />

pioneiro ao se debruçar sobre o problema da inspiração. O fazer artístico

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