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MAPEAMENTO NACIONAL DA PRODUçãO ... - Itaú Cultural

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126 Auad, com o preto do amadurecimento que revela lentamente um texto<br />

arte: sistema e redes<br />

ou uma imagem, e o vídeo de Letícia Cardoso, tentando inutilmente reter<br />

o que está sempre a passar, são modelos do gesto artístico. Nessas obras,<br />

a imagem final é incerta, vive no tempo e faz deste seu parceiro.<br />

Os trabalhos de Maxim Malhado, Thiago Bortolozzo e Járed Domício podem<br />

ser vistos, sem medo do trocadilho, como a perguntar se estamos diante<br />

de obras na exposição ou de uma exposição em obras. Percebidos dentro<br />

da exposição, apontam para a sua cenografia. Thiago Bortolozzo e Maxim<br />

Malhado usam elementos de construção civil como andaimes, escoras, fôrmas<br />

de vigas e pilares, atualizando suas estruturas engenhosas e utilitárias<br />

como a criar novas arquiteturas ou a frisar a arquitetura existente. Járed<br />

descasca linhas de pintura e reboco para justamente potencializar o que<br />

antes era imperceptível: a parede branca. São escritas que reconfiguram o<br />

espaço expositivo e semeiam a dúvida por toda a exposição.<br />

Nos trabalhos de Silvia Feliciano e Janaina Barros há um cruzamento dos<br />

imaginários urbanos e suburbanos. Para tanto, usam elementos que, ao<br />

mobilizarem sentidos como audição e olfato, desestabilizam as certezas<br />

da visualidade. Silvia Feliciano monta uma espécie de maquete de<br />

cidade com poliedros de madeira aromatizados com óleo de copaíba. O<br />

cheiro penetrante evoca o contexto de onde essas peças foram extraídas,<br />

mostrando-se antagônico à imagem construída. O fato de o cheiro ir se<br />

dissipando progressivamente soma-se como uma metáfora realista e terrível.<br />

Janaina Barros constrói um espaço diminuto e o sonoriza com um<br />

discurso hilariante, por meio de um inglês paupérrimo, para um grupo de<br />

galinhas. É um comentário bem-humorado sobre a babel de linguagens e<br />

faz com que apareça o desejo ridículo de produzirmos sentido em tudo.<br />

Nas últimas frases do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa,<br />

Riobaldo sentencia: “...Existe é homem humano. Travessia”. 4 A exposição<br />

Poéticas da Atitude: o Transitório e o Precário revela, na tradução<br />

deste grupo de artistas, que arte é atitude, que o precário é suficiente e<br />

o transitório é destino.<br />

Maxim Malhado<br />

Sobressalto, 2001<br />

Thiago Bortolozzo<br />

Vital Brasil, 2001<br />

Járed Domício<br />

Planos Instáveis,<br />

2001/2002<br />

Silvia Feliciano<br />

Cidade, 2001<br />

Janaina Barros<br />

Conversa entre<br />

Galinhas, 2000/2002<br />

curadora-coordenadora<br />

Cristina Freire<br />

artistas<br />

Alexandre Vogler<br />

André Santangelo<br />

Carla Zaccagnini<br />

Carlos Mélo<br />

Cinthia Marcelle<br />

Divino Sobral<br />

Frederico Câmara<br />

Jeanine Toledo<br />

Jeims Duarte<br />

Jorge Fonseca<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Luciano Mariussi<br />

Marilá Dardot<br />

Marta Neves<br />

Marta Penner<br />

Roosivelt Pinheiro<br />

Rosana Ricalde<br />

Wagner Morales<br />

127<br />

Jailton Moreira<br />

Notas<br />

1 KLÜSER, Bernd e HEGEWISCH, Katharina. L’art de l’exposition. Paris: Editions du Regard,<br />

1998.<br />

2 GARRAUD, Colette. L’idée de nature dans l’art contemporain. Paris: Flammarion, 1993.<br />

3 __________. Op. cit., 1993.<br />

4 ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1979.<br />

exposições<br />

Fortaleza CE<br />

Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará<br />

São Paulo SP<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> São Paulo

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