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MAPEAMENTO NACIONAL DA PRODUçãO ... - Itaú Cultural

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132 encontro com um homem desconhecido. Ao responder ao anúncio, colo-<br />

sobre(a)ssaltos<br />

cado anonimamente pelo artista no jornal, a voz explicita nas mensagens<br />

gravadas o isolamento de quem consome anúncios e, tal qual sujeito<br />

anônimo, encarna o destino de tornar-se objeto-mercadoria.<br />

133<br />

Nesse sistema de comunicação básico que é a linguagem, os artistas também<br />

praticam a palavra, isto é, não simplesmente escrevem, mas procuram<br />

dotar a palavra de uma densidade originária perdida. Sua mínima unidade<br />

significativa, a letra, torna-se unidade plástica de sentido em vários trabalhos.<br />

Ao valer-se das letras livres de qualquer linearidade ou seqüência lógica,<br />

os artistas operam uma escrita sem sintaxe, superpondo e justapondo<br />

palavras, retornando à expressividade plástica das letras e à potencialidade<br />

expressiva do acaso, como exploraram os poetas concretos.<br />

Divino Sobral desenha histórias e narra palavras. De sua caligrafia surgem<br />

desenhos/escrituras que tornam impossível qualquer divórcio entre<br />

palavra e forma.<br />

Divino Sobral<br />

Palavras no Meio da<br />

Noite, 2000<br />

Alexandre Vogler<br />

Tudo Sempre Começa<br />

Bem [detalhe], 2000<br />

Alexandre Vogler constrói suas frases com carimbos em tortuosas linhas<br />

que se repetem sem começo nem fim. A des(organização) do texto<br />

imputa sentido ao espaço em que se instala. Da página branca e asséptica,<br />

lugar privilegiado da escrita, seu gesto/palavra dirige-se ao universo<br />

denso de significados dos lugares onde inscreve/escreve sua ação.<br />

Rosana Ricalde dá materialidade ao jogo de letras, como se as palavras fossem<br />

as peças e o acaso fosse a regra de um mesmo sistema combinatório.<br />

Rosana Ricalde<br />

Corrente de Papel,<br />

2001<br />

papel<br />

dimensões variáveis<br />

Coleção da artista<br />

Foto: Divulgação/Felipe Barbosa<br />

curadora adjunta<br />

Marisa Flórido Cesar<br />

Jorge Fonseca também opera na busca de uma fusão sensível e intuitiva<br />

entre imagens e palavras, mas, por sua vez, orienta-se para o sagrado.<br />

A linearidade lógica e a racionalidade da linguagem dão lugar, em suas<br />

pinturas e objetos, à palavra carregada de um sentido transcendente.<br />

Enfim, ao interrogar os meandros do sistema artístico e suas redes, este<br />

conjunto de obras sugere uma reflexão crítica sobre a pluralidade das<br />

poéticas artísticas contemporâneas a partir do paradigma comum de<br />

serem, notadamente, interessantes.<br />

Cristina Freire<br />

Jorge Fonseca<br />

Os Classificados do<br />

Amor [detalhe], 2001<br />

tecido, acrílica e bordados<br />

220 x 150 cm<br />

Coleção do artista<br />

Foto: Divulgação/Cuia Guimarães<br />

artistas<br />

Alexandre Vogler<br />

Carla Linhares<br />

Ducha<br />

Felipe Barbosa<br />

Graziela Kunsch<br />

Jorge Menna Barreto<br />

Marcelo Cidade<br />

Rosana Ricalde<br />

Notas<br />

1. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 497.<br />

2. KOSUTH, Joseph. Art after philosophy and after. Collected writings, 1966-1990.<br />

Massachusets: MIT Press, 1993. p. 247.<br />

3. BENJAMIN, Walter. O narrador. v. 1. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 203 (Obras escolhidas)<br />

exposição<br />

Belo Horizonte MG<br />

Itaú <strong>Cultural</strong> Belo Horizonte

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