Educação Sexual Múltiplos Temas - Cepac
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desenvolvimento urbano. No século XIX, a Medicina deixa de lado<br />
a sua vocação urbana e tem como médicos os filhos da burguesia,<br />
que, por sua vez, são herdeiros do ideal protestante e da<br />
influência do puritanismo inglês. Médicos de moral fundamentada<br />
na constância, adeptos de normas e regras, preocupados com a<br />
privacidade das famílias darão à Medicina seu caráter normativo<br />
e classificatório, juntamente com o estabelecimento da família como<br />
seu objeto de cuidado.<br />
Loyola explica muito bem como a Medicina ocupou-se da<br />
sexualidade:<br />
[...] as disciplinas ou as formas de pensamento que tradicionalmente<br />
se ocuparam mais de perto da (sexualidade) foram aquelas de<br />
caráter ético ou normativo/terapêutico: o catolicismo, a medicina e<br />
a psicanálise. Não foi, por exemplo, com objetivos terapêuticos,<br />
mas principalmente normativos, que a medicina veio a se ocupar da<br />
sexualidade, transformando em postulados científicos, principalmente<br />
através da obra de Kraft-Ebing, uma série de interditos e normas<br />
sexuais herdadas do Cristianismo, segundo o qual o erotismo deveria<br />
ser regulado pela exigência de reprodução da espécie e dos ideais<br />
de amor a Deus e à família. É na medicina que a sexualidade<br />
termina por ser unificada como instinto biológico voltada para a<br />
reprodução da espécie e que todos os demais atributos ligados ao<br />
erotismo, desde sempre tido como sexuais, passaram a ser<br />
submetidos a essa exigência primordial. A sexualidade é assim<br />
identificada com genitalidade e heterossexualidade... (LOYOLA,<br />
1998, p.4)<br />
A Medicina do século XIX, então, institucionalizou o saber<br />
sexual, criando a Sexologia e estudando os desvios sexuais e as<br />
doenças que teriam sua etiologia nas práticas sexuais consideradas<br />
inadequadas ou fora da norma. Era uma Medicina que lidava<br />
com a definição, a identificação, a classificação e o tratamento<br />
dos aspectos patológicos da sexualidade. Como exemplo, temos<br />
Richard von Krafft-Ebing, médico alemão do final século XIX, que<br />
se notabilizou pelos estudos que fez sobre as doenças com<br />
132 EDUCAÇÃO SEXUAL: MÚLTIPLOS TEMAS, COMPROMISSO COMUM