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Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

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CENÁRIO 1 - São Paulo nos primeiros tempos<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista histórico, é possível contextualizar a ocupação <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> Parque Estadual da<br />

Cantareira no século XVI, uma vez que, quan<strong>do</strong> os europeus chegaram ao Brasil, encontraram um<br />

território povoa<strong>do</strong>, e cuja população indígena, segun<strong>do</strong> as estimativas, era <strong>de</strong> aproximadamente cinco<br />

milhões.<br />

Dividi<strong>do</strong>s, em linhas gerais, entre os tupi que ocupavam a costa brasileira <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste ao litoral sul <strong>de</strong><br />

São Paulo, e os guarani entre o litoral Sul e o interior, nas bacias <strong>do</strong>s rios Paraná e Paraguai.<br />

As tribos que não falavam as línguas <strong>do</strong> tronco tupi eram genericamente chama<strong>do</strong>s “Tapuia”, e<br />

ocupavam outras regiões da extensão territorial brasileira.<br />

Em São Paulo, palco <strong>de</strong> contato com as primeiras presenças européias, sua população era constituída<br />

essencialmente pelos Tupiniquim, embora, vivessem também no planalto, outros grupos <strong>do</strong> tronco<br />

lingüístico macro-jê, como os Maromomi, que habitavam as regiões da Serra da Mantiqueira, também<br />

chamada no início <strong>do</strong> século XVII, como “montes Guarimunis, ou Marumininis” 1 .<br />

Segun<strong>do</strong> o mesmo autor, nos textos <strong>do</strong> século XVII, que tratam da <strong>do</strong>ação <strong>de</strong> sesmarias, surgem<br />

grupos “Maromomi”, em Atibaia: “uma legua <strong>de</strong> terras (...) começan<strong>do</strong> da tapera <strong>do</strong>s Garomemis 2 até<br />

o rio Juquery”. 3<br />

Eram caça<strong>do</strong>res-coletores e segun<strong>do</strong> o padre Manoel Viegas, que se empenhou em sua catequização,<br />

“andava atraz <strong>de</strong>lles pelos matos, capões e praias to<strong>do</strong> em seu remedio; mas como estes Maramumis<br />

não se aquietam em seu lugar, e seu viver é sempre pelos matos, à caça, ao mel e às frutas, difficultava<br />

isto muito a esperança <strong>de</strong> sua conversão. Elle comtu<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s resistia... e assim aos poucos foi<br />

<strong>do</strong>mestican<strong>do</strong>, e fez fazer assento em um lugar e al<strong>de</strong>ia em que até hoje habitam to<strong>do</strong>s juntos; é a<br />

al<strong>de</strong>ia a que chamam Nossa Senhora da Conceição <strong>de</strong> Goarulho”. 4<br />

O al<strong>de</strong>amento <strong>de</strong>sapareceu, mas este nome que surge no século XVII, persiste com pequena alteração,<br />

até hoje. Os <strong>de</strong>mais al<strong>de</strong>amentos e al<strong>de</strong>ias, também tiveram o mesmo <strong>de</strong>stino, em idêntico perío<strong>do</strong>,<br />

após a sistemática preagem <strong>do</strong> indígena, e as constantes epi<strong>de</strong>mias que dizimavam suas populações.<br />

É preciso fazer-se a distinção entre al<strong>de</strong>ias e al<strong>de</strong>amentos. Segun<strong>do</strong> Azeve<strong>do</strong> 5 , as al<strong>de</strong>ias são núcleos<br />

espontâneos, propriamente indígenas, as tabas, as al<strong>de</strong>ias indígenas, ao contrário <strong>de</strong> al<strong>de</strong>amento, que<br />

se refere aos agrupamentos <strong>de</strong> origem religiosa ou leiga, distinguin<strong>do</strong>-se, portanto, <strong>do</strong>s tipicamente<br />

“espontâneos”, porque implicam na própria noção <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> núcleos ou aglomera<strong>do</strong>s, e na idéia<br />

<strong>de</strong> núcleo cria<strong>do</strong> conscientemente, fruto da intenção objetiva <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r.<br />

1 PREZIA, Benedito A. Os indígenas <strong>do</strong> Planalto Paulista nas crônicas quinhentistas e seiscentistas. São Paulo, Humanitas<br />

2000, p. 179.<br />

2 O mesmo que Maromomi, Guarumirim, Marumininis e Muruminis.<br />

3 Ibi<strong>de</strong>m, p.180.<br />

4 ABREU, Capistrano <strong>de</strong>. Os Guaianazes <strong>de</strong> Piratininga. Artigo publica<strong>do</strong> no “Jornal <strong>do</strong> Comércio <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1917.<br />

5 AZEVEDO, Arol<strong>do</strong> <strong>de</strong>. Al<strong>de</strong>ias e Al<strong>de</strong>amentos <strong>de</strong> Índios.São Paulo, Boletim Paulista <strong>de</strong> Geografia, nº 33, outubro <strong>de</strong> 1959, p.26.<br />

Anexo 15 - Cenários Históricos 3

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