Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

Conforme projeto proposto pela Companhia Cantareira, seriam captadas as águas dos ribeirões
Toucinho, Guatemy e Pedra Branca para um Reservatório de Acumulação, onde seriam enviadas por
gravidade para uma caixa d’água situada na Consolação e daí seguiriam para o consumidor final.
No dia 27 de setembro de 1878, têm início simbolicamente as obras a cargo da Companhia:
"Companhia Cantareira e Esgotos:
Hontem, às 5 horas da tarde, deu-se a inauguração dos trabalhos desta companhia, com a cerimônia
do assentamento da primeira pedra da caixa de abastecimento de águas. Estiveram presentes SS MM.
Imperiaes, os Sr. Ministro da Agricultura, o presidente da província, o chefe de polícia, os vereadores
da câmara municipal e muitas pessoas gradas da capital. Carregaram a pedra fundamental S. M. o
Imperador, os sr. ministro da agricultura, o sr. conselheiro Barão do Bom Retiro e o presidente da
província. Terminada a ceremônia e depois da retirada de Suas Magestades e da comitiva, foi servido
um explendido jantar, no qual fizeram-se muitos brindes, enthusiasticamente correspondidos. Entre
outros, destacaram-se os seguintes, ao sr. dr. Falcão Filho, como presidente da directoria da
Companhia, ao ex presidente da província o sr. dr. Sebastião José Pereira." 53
E no jornal "A Província de São Paulo" de 29/09/1878:
..."para se proceder à inauguração dos trabalhos a cargo da companhia, que são a canalisação das águas
da Serra da Cantareira para abastecimento desta cidade, e a realisação de um systema perfeito de
esgotos e despejos da mesma; começou o acto pela cerimônia religiosa da bençam da primeira pedra,
que vae ser lançada nos alicerces da caixa de supprimento de água, a qual tem a seguinte inscripção:
"Pedra fundamental das obras de abastecimento de água e esgotos da cidade de São Paulo, inauguradas
pela Companhia Cantareira e Esgotos a 27 de Setembro de 1878 com a augusta presença de sua
magestade imperial o senhor dom Pedro Segundo, sendo presidente da província o exm. sr. dr. João
Baptista Pereira e directores da Companhia, os srs. dr. Clemente Falcão de Souza Filho (Presidente),
Barão de Tres Rios e dr. Raphael Aguiar Paes de Barros".
Entretanto, não era unânime o apoio à companhia pelos periódicos da época, entre estes o que mais
se opunha era a "Tribuna Liberal" que nos dias 25 e 26 de setembro de 1878, em editorial, tece
críticas ao monopólio que a empresa passará a exercer em São Paulo, uma vez que ela poderá demolir
os chafarizes públicos da cidade, quando começarem a funcionar os da companhia, de acordo com o
contrato firmado com o governo.
No acordo bilateral, celebrado ainda em 1875, entre o Governo da Província e a Companhia, esta se
obrigou a fazer o abastecimento como segue: “Tomando por centro o largo da Sé seriam pontos da
circunferência, para o lado da Luz, a vertente da Cantareira; para o do Arouche, a Capella de Santa
Cecília; para o da Consolação o portão da chácara do major Benedicto Antonio da Silva, onde
posteriormente foi localizado o Reservatório chamado da Consolação; para o de Santo Amaro, a casa
de residência de João Antonio de Borba, na rua de Santo Amaro; para o lado da Liberdade, 300
metros adeante do largo desse nome; para o da Gloria a ponte sobre o rio do Lavapés; para o da
Glória, a Ponte do Lavapés; para o da Tabatinguera, a porteira da Estrada de Ferro Ingleza, no ponto
em que ainda hoje a estrada atravessa a rua da Moóca, e para o do Braz, a Estação da Estrada de Ferro
do Norte”. 54
53 CORREIO PAULISTANO de 28 de setembro de 1878.
54 Contrato celebrado entre o Governo da Província e o Coronel Antonio Proost Rodovalho; Major Benedicto Antonio da Silva e o
Engenheiro Daniel Mackinson Fox, para o encanamento das águas da Cantareira e sua distribuição pelas ruas e praças desta Capital.
Anexo 15 - Cenários Históricos 21