14.05.2015 Views

Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Com essas <strong>de</strong>sapropriações, perseguia-se o mito das águas puras, <strong>de</strong> cabeceiras vestidas <strong>de</strong> florestas,<br />

como <strong>de</strong>terminava o Código Sanitário <strong>de</strong> 189472. As autorida<strong>de</strong>s encarregadas <strong>do</strong> abastecimento,<br />

embora obrigadas a se contentar com águas <strong>de</strong> superfície, e ao longo <strong>do</strong>s anos tiveram que buscá-las<br />

em fontes cada vez mais distantes, através <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> altos custos pela <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> bacias<br />

inteiras para garantir a potabilida<strong>de</strong> da água e a construção <strong>de</strong> extensas linhas adutoras para seu<br />

transporte. 73<br />

De acor<strong>do</strong> com os relatórios da R.A.E., as águas das nascentes da Serra da Cantareira foram<br />

escolhidas, porque, embora superficiais, eram consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> em razão <strong>de</strong> se<br />

localizarem em zonas pouco povoadas, cobertas <strong>de</strong> mata virgem, não haven<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> eles,<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação <strong>do</strong> terreno, ainda que existisse um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> germens,<br />

<strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s nas análises da água, mas que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as autorida<strong>de</strong>s, não representavam risco <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças para o homem.<br />

Segun<strong>do</strong> MOTTA, 1911, 74 é infunda<strong>do</strong> o preconceito contra as águas <strong>de</strong> fontes, pequenos regatos,<br />

córregos e ribeirões situa<strong>do</strong>s em regiões <strong>de</strong>sertas e cuja protecção principal consiste em se fazer a<br />

expropriação completa das respectivas bacias, a fim <strong>de</strong> prevenir qualquer eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

contaminação pelo ser humano.<br />

Com uma população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 240.000 mil habitantes no final <strong>do</strong> século XIX, intensificava-se a<br />

dinâmica da estruturação <strong>do</strong> espaço paulista, sob seus inter-relacionamentos entre a industrialização e<br />

a urbanização que dividia ou, como querem muitos historia<strong>do</strong>res, segregava geograficamente os<br />

habitantes <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas classes sociais 75 , muito embora existam opiniões <strong>de</strong> que essa<br />

segregação espacial só viesse a se acelerar a partir <strong>de</strong> 1930. 76<br />

Outra corrente <strong>de</strong> pensamento, porém, atribui ao crescimento da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>, maior e mais<br />

rápi<strong>do</strong> que o planejamento urbano, o motivo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio entre a ocupação e a<br />

organização racional <strong>do</strong> espaço.<br />

O Esta<strong>do</strong> se preparava para um <strong>de</strong>senvolvimento que já estava ocorren<strong>do</strong>; a população se multiplicava,<br />

fábricas se instalavam na cida<strong>de</strong> e arre<strong>do</strong>res, e as ativida<strong>de</strong>s econômicas se diversificavam.<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 1893, o engenheiro José Pereira Rebouças, ainda contanto apenas com as águas <strong>do</strong><br />

Reservatório <strong>de</strong> Acumulação e <strong>do</strong> Ipiranga, concebe um novo planejamento para a infra-estrutura <strong>do</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> água; a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo é dividida em zonas <strong>de</strong> distribuição:<br />

Zona Alta: Liberda<strong>de</strong>, Glória, Cambuci, Bela Vista, Consolação e Higienópolis a serem abasteci<strong>do</strong>s pelo<br />

Reservatório da Liberda<strong>de</strong> em fase <strong>de</strong> construção.<br />

72 SÃO PAULO. Leis e Decretos. Decreto nº 233 <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1894. O Presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, para a execução <strong>do</strong> artigo 3º da Lei<br />

nº 240 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1893, estabelece o Código Sanitário.<br />

73 Foi o caso <strong>do</strong> aproveitamento <strong>do</strong> rio Claro, indica<strong>do</strong>, em 1905, por Saturnino <strong>de</strong> Brito como solução para o plano geral <strong>do</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> água para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Com vários outros anteprojetos ao longo <strong>do</strong>s anos, teve seu início somente em<br />

1926 e levou treze anos para ser construí<strong>do</strong>.A captação e o tratamento <strong>do</strong> Sistema Rio Claro, são feitos a 80 k <strong>de</strong> São Paulo; através<br />

<strong>de</strong> uma extensa linha adutora <strong>de</strong> 77 km, suas águas chegam ao reservatório da Mooca, com estações elevatórias auxiliares, regula<strong>do</strong>ras<br />

<strong>de</strong> vazão, e outras unida<strong>de</strong>s que complementam o sistema. Muito criticada, e por várias vezes interrompida, foi uma obra consi<strong>de</strong>rada<br />

por muitos, como página obscura da engenharia <strong>do</strong> país, triste e infeliz aventura técnico-administrativa com malversão <strong>do</strong> dinheiro<br />

público, outros entretanto, reputava-na como uma das maiores obras <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> sua época.<br />

73 Foram consulta<strong>do</strong>s os Relatórios da então Secretaria <strong>do</strong>s Negócios, Comércio e Obras Públicas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> 1894 a<br />

1904.<br />

74 MOTTA, Arthur. Estu<strong>do</strong>s Preliminares para o Reforço <strong>do</strong> Abastecimento D’Agua da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Typographia<br />

Brazil-Rothschild & Co. São Paulo, 1911, p.59.<br />

75 BERTOLLI, Filho Claudio. A gripe Espanhola em São Paulo, 1918. Ed. Paz e Terra S/A, São Paulo, 2003, p.37.<br />

76 BONDUKI, Georges Nabil. Origens <strong>do</strong> problema da habitação popular em São Paulo, primeiros estu<strong>do</strong>s. Espaço &<br />

Debates, v.2, nº 5, São Paulo, 1982, p.81-111.<br />

30 Anexo 15 – Cenários Históricos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!