Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

Figura 5
Entre o final do século XVIII e a primeira metade do XIX, não foram realizadas obras consideráveis
que aumentassem o fornecimento de água à população, que continuava também a abeberar-se dos rios
e ribeirões que cercavam a cidade.
A crise no abastecimento de água engendrava relações sociais conflitantes, como era o caso dos
escravos, que buscavam água para os seus senhores nos chafarizes e nas bicas espalhadas pela cidade, e
muitas vezes disputavam, violentamente, com outros escravos ou com a população mais pobre, a
pouca água existente nestes locais.
Com uma grande parcela da população sem acesso à água, mas com renda suficiente para comprá-la,
surge na cidade um novo ofício, o de “aguadeiro”, o indivíduo que nas aguadas ou nos chafarizes,
enchia seus barris e em carroças puxadas por burros, ia de porta em porta vender água. As pessoas
compravam-na em potes, e a cada barril ou pote correspondia uma marca de carvão na parede. Ao
final do mês, computavam-se as marcas e a conta era paga a preços que variavam entre 40 a 80 réis, o
barril de 20 litros.
Em constante disputa com os escravos, provocando todo tipo de desordens, a qualidade suspeita das
águas oferecidas pelos aguadeiros nos períodos de estiagem com valores exorbitantes, e a inércia das
autoridades na resolução da crise no abastecimento de água, criavam condições para todo tipo de
especulação.
Anexo 15 - Cenários Históricos 11