Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

Para as condições da época, com um capitalismo ainda incipiente, uma obra de grande vulto, como
essa, nas mãos de particulares, exigia a contribuição de outros investidores que se dispusessem a
fundar uma empresa, com subscrição de ações. O aumento do capital social era definido por um
procedimento estatutário. Em 25 de junho de 1877, com a finalidade de colocar em prática o contrato
de 1875, e solucionar a questão do abastecimento, ou seja, 25 anos depois do primeiro projeto,
fundou-se a Companhia Cantareira de Águas e Esgotos. 49
Companhia Cantareira de Águas e Esgotos
“O desenvolvimento industrial e urbano verificado durante o século XIX, e o concomitante
crescimento demográfico, são geralmente apontados como as principais razões justificativas da
necessidade então formulada de se resolver, de uma forma satisfatória, o abastecimento de água às
cidades”. 50 (CORDEIRO1993).
A empresa, em um de seus primeiros anúncios, divulgava:
“(...) Constando água em abundância nas fraldas da serra próxima, para as bandas do norte rumo ao
Jaraguá, e dispondo-se a recém-constituída sociedade a captar essa água dispersa, que rola abaixo e
vem desaguar, segundo parece, no Rio Tietê, denominemos de COMPANHIA CANTAREIRA, isso
porque a água deverá ser primeiramente reunida nos grotões da serra a fim de que, canalizada, seja
trazida para a cidade. E como toda captação de qualquer líquido, especialmente a água, se faz em
cântaros, a sociedade construirá tantas cantareiras ou reservatórios, quantos necessários ao consumo
da população”. 51 (BRITTO, 1999)
"Em 25 de junho de 1877, na grande casa térrea da rua de São José, hoje rua Líbero Badaró nº 19,
reuniram-se, a convite do coronel Antônio Proost Rodovalho, muitos cavalheiros que resolveram
formar uma companhia para realizar o grande melhoramento do abastecimento das águas da
Cantareira e esgotos .
Nessa reunião ficou organizada a Companhia Cantareira e Esgotos, sendo tomadas 5 mil ações de
200$000 cada uma...". (MARTINS, p.290 ).
"Por escritura pública de 22 de julho de 1878, lavrada no terceiro cartório do tabelião Antônio
Arcanjo Dias Batista, o coronel Antônio Proost Rodovalho, o Major Benedito Antônio da Silva e o
engenheiro Daniel M.Fox, fizeram cessão do privilégio e trabalhos concernentes ao abastecimento de
água na capital de São Paulo, pela canalização das águas da Cantareira e a um serviço de despejo e
esgotos dos prédios da mesma capital à Companhia Cantareira, representada pelos seus diretores -
Barão de Três Rios e Doutor Clemente Falcão de Souza Filho". 52
49 Antônio Proost Rodovalho comprou a parte da sociedade que pertencia a Macckinson Fox e ao Major Benedito Antônio da Silva. O
presidente da Companhia era o Dr Clemente Falcão de Souza Filho (também diretor da Estrada de Ferro Mogiana), e da diretoria
faziam parte: o Barão de Três Rios (Joaquim de Souza Aranha) e o Dr Raphael Aguiar Paes de Barros.
O capital da Companhia era de 2.200:000$000, divididos em 11.000 ações no valor de 200$000 rs cada uma. O capital da empresa era
quase a renda total da Província de São Paulo que entre 1876 e 1877 chegou a 2.070:721$000 e de 1877 a 1878 a 3.326:446$692. Com
quase esta quantia foi fundado em 1887 o Banco Comercial de São Paulo que tinha Capital de 2.000:000$000 e 10.000 ações, ainda a
título de comparação, no mesmo ano foi fundado o Banco da Lavoura com 1.000:000$000 e 5.000 ações, segundo, Eurípides Simões de
Paulo em: A segunda fundação de São Paulo; da pequena cidade à grande metrópole de hoje. São Paulo, Revista de
História, ano V, nº 17, 1954, p.174.
50 CORDEIRO, José Manoel Lopes Cordeiro, Um serviço centenário: o abastecimento domiciliário de água à cidade do Porto (1887 –
1987), Separata de Arqueologia Industrial II série, Vol. I, nº 1/2 1993, p.11.
51 BRITTO, E. São Paulo Tramway Tremembé, Ed. Prancom, São Paulo, 1999, p. 25.
52 MARTINS, Antônio Egydio. São Paulo Antigo. 1º Vol. RJ: Francisco Alves, 1911, p.291
20 Anexo 15 – Cenários Históricos