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Anexos Completo - Fundação Florestal - Governo do Estado de São ...

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No Relatório apresenta<strong>do</strong> à Assembléia Legislativa, o chefe <strong>do</strong> executivo paulista, afirmava que seria<br />

utopia esperar que alguma empresa <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>sse dinheiro para distribuir gratuitamente água pelas ruas<br />

e praças da Capital, e que “forçoso era proporcionar-lhe meios <strong>de</strong> amortizar o capital <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certo<br />

perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong> auferir lucros razoáveis”. 45 Para ele, era indispensável tornar obrigatório o fornecimento<br />

<strong>de</strong> água a todas as casas mediante cobrança, ou garantir direito exclusivo <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r água a to<strong>do</strong>s que<br />

tivessem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprá-la.<br />

“Na 1ª hipótese havia ônus para toda a população.<br />

Na 2ª, limita-se a indústria <strong>de</strong> alguns indivíduos em benefício da socieda<strong>de</strong>; os agua<strong>de</strong>iros serão<br />

prejudica<strong>do</strong>s; lucrava, porém, toda a população”. 46<br />

A proposta correspondia a uma i<strong>de</strong>ologia liberal, que aceitava a necessida<strong>de</strong> da intervenção pública em<br />

algumas matérias específicas, porém, ainda, sem alterar substancialmente o cotidiano da socieda<strong>de</strong>.<br />

No entanto, as <strong>de</strong>cisões que incidiam sobre as alterações na infra-estrutura, <strong>de</strong>pendiam da existência<br />

<strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> hierarquias sociais eficazes, em suma, <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coerção.<br />

Percebe-se a preocupação <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da Província, em explicar que a população teria acesso aos<br />

mananciais <strong>do</strong> entorno da cida<strong>de</strong>, aos poços, rios e tanques já existentes, porém, estava proibida <strong>de</strong><br />

negociar água, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> explícito que não seriam mais admiti<strong>do</strong>s os agua<strong>de</strong>iros. Na época, circulavam<br />

<strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> que alguns verea<strong>do</strong>res eram os verda<strong>de</strong>iros <strong>do</strong>nos das carroças <strong>do</strong>s agua<strong>de</strong>iros e que por<br />

isso inviabilizavam qualquer medida que restringisse esta ativida<strong>de</strong>.<br />

A notícia <strong>do</strong> jornal Diário <strong>de</strong> São Paulo ilustra a afirmação anterior:<br />

“… Acreditamos que não será para manter a pipa a “cento e vinte”, que dizem ser <strong>do</strong> Sr. Capitão<br />

reintegra<strong>do</strong>, ex tenente coronel Osório, Presi<strong>de</strong>nte da Câmara e outros que, além <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>rem por<br />

bom preço, a 60 rs cada barril <strong>de</strong> seis medidas, ven<strong>de</strong>m espuma <strong>de</strong> sabão e infusão <strong>de</strong> todas as coisas<br />

que infectam – o Tamanduateí, on<strong>de</strong> a maior parte vai encher as pipas (!), segun<strong>do</strong> corre. E viva a<br />

câmara! Um munícipe”. 47<br />

As transformações pelas quais, em breve, passaria a cida<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> se intensificasse a industrialização,<br />

não eram sentidas nesse momento, as autorida<strong>de</strong>s procuravam remediar cada problema em particular,<br />

seguin<strong>do</strong> os habituais caminhos administrativos e imediatistas.<br />

As obras implicavam em recursos financeiros <strong>de</strong> que a municipalida<strong>de</strong> ainda não dispunha, embora as<br />

rendas <strong>do</strong> município, que entre 1º <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1863 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1864 eram <strong>de</strong> 27:504$000,<br />

tivessem aumenta<strong>do</strong> para 131:381$000, entre 1º <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1877 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1878. 48<br />

O Po<strong>de</strong>r Público assinou vários contratos com distribuição <strong>de</strong> concessões e privilégios, on<strong>de</strong> novos<br />

empresários se mostraram dispostos a explorar os ren<strong>do</strong>sos serviços urbanos, numa Capital quase<br />

<strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> infra-estrutura.<br />

Os três capitalistas, cita<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> da assinatura <strong>do</strong> contrato, teriam o monopólio da venda <strong>de</strong> água<br />

por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 70 anos e isenção nas taxas <strong>de</strong> importação e <strong>de</strong> transporte <strong>do</strong>s materiais<br />

hidráulicos, em contrapartida, eram obriga<strong>do</strong>s a construir seis chafarizes públicos, on<strong>de</strong> as águas<br />

seriam distribuídas gratuitamente.<br />

45 Ibi<strong>de</strong>m, p. 06<br />

46 Ibi<strong>de</strong>m, p. 06<br />

47 JORNAL DIÁRIO DE SÃO PAULO. São Paulo, 15/12/1868, nº 992, p.03.<br />

48 AGUIRRA, João B. C. Vida Orçamentária <strong>de</strong> São Paulo, durante um século. In Revista <strong>do</strong> Arquivo Municipal, São Paulo, 1934,<br />

vol II p 31.<br />

Anexo 15 - Cenários Históricos 19

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